A Comunidade São Miguel Arcanjo esteve reunida para a Via Sacra nesta sexta-feira, 18/03/11, na Capela da Universidade São Judas Tadeu. Os vitrais, simbolizando as 15 estações estavam iluminados para esse momento tão singular de oração.

A Via Sacra nos convida a seguir Jesus, enviado pelo Pai para resgatar a criação que geme em dores de parto. Ele veio a esse planeta para trazer vida e iluminar os nossos caminhos e sofrimentos. Jesus chega ao dom total, enfrentando a morte. Não existe Amor maior do que dar a vida pelos amigos.

1ª Estação – Jesus é condenado à morte.  Por meio de sua entrega na cruz Ele nos concede a vida. O pecado que condenou e matou Jesus continua a ferir e matar a obra da criação, dom do Pai. A vida instalada neste planeta sofre pelos maus tratos que nossa civilização impôs ao planeta. Hoje notamos a temperatura aumentar. Fortes chuvas e secas prolongam o sofrimento. Estamos condenando injustamente o nosso planeta.

2ª Estação – Jesus carrega a Cruz. Colocaram a cruz sobe os seus ombros. Ele não apenas aceitou a imposição da cruz, mas abraçou-a livremente por amor. No peso da sua cruz assumiu e carregou todos os sofrimentos, lágrimas e tristezas da humanidade.

3ª Estação – Jesus cai pela primeira vez. Jesus caiu por terra em solidariedade para com a vida que é frágil e, é submetida à violência de inúmeras ações pecaminosas neste planeta. Mas, ergueu-se da queda para retornar o caminho. Jesus quer estar presente em nossas lutas com esta força e com sua entrega nos une profundamente à sua páscoa.

4ª Estação – Jesus encontra-se com sua mãe. Nesta quarta estação nos unimos ao sofrimento de Maria e de todas as pessoas que se doam na luta pela preservação das condições de vida no Planeta Terra. E com Jesus fazemos o caminho para o calvário, buscando forças para carregar a cruz e vencer todo o sofrimento que é feito à criação  até o dia da plena libertação.

5ª Estação – Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz. Na criação todos os modos de visda se encontram interligados: o ar, as águas, as florestas e matas, os animais e o ser humano, conjunto que se denomina biodiversidade. Uma mata cortada implica em sofrimento para os animais e coopera para o desequilíbrio do clima. Uma espécie de peixe ou de um animal que se extingue, implica em danos para toda uma cadeia, ou seja, faz pesar sobre outros seres, sobretudo de milhões de seres humanos que já estão com dificuldade para obter água potável e extrair da terra o sustento em virtude de secas.

6ª Estação – Verônica enxuga o rosto de Jesus. O gesto de Verônica também nos lembra que devemos ser cuidadores da vida instalada no planeta. Para isso, devemos superar barreiras que nos distanciam dos que sofrem, e, a própria sustentação de permanecermos numa vida egoísta e sem compromisso.

7ª Estação – Jesus cai pela segunda vez. A queda de Jesus nos leva a pensar nas muitas recaídas que experimentamos. A atitude do ser humano em sempre visar lucro, usando dos recursos do planeta sem pensar nas consequências para com este ser vivo, impôs flagelo a muitas partes da Terra.

8ª Estação – Jesus consola das mulheres. Grupos econômicos poderosos exploram bens da criação até a exaustão e fomentam o consumo, condenando a vida do planeta à morte. Muitos dos bens do planeta já se encontram saturados. Que planeta  legaremos para as futuras gerações? Com  o atual ritmo de exploração destes bens, o que restará para os seres humanos que ainda virão a este planeta?

9ª Estação – Jesus cai pela terceira vez. O Reino, pregado por Jesus, exige renúncia, conversão, mudança de vida. Transformação interior. Se a criação geme em dores de parto, é para que nasça um mondo de fraternidade e justiça. Neste novo modo de se viver, cada ser há de ser respeitado.

10ª Estação – Jesus é despido de suas vestes. Por renunciar ao domínio, Jesus respeitava a liberdade de todos e o que cada um era de fato. Preocupava-se em fazer crescer a todos mostrando um caminho de justiça e de paz. Por isso, mesmo violentado e despojado de suas vestes, continuou a suplicar ao Pai que venha o Reino onde não haverá mais lágrimas nem choro, porque este é um mundo novo, de irmãos e irmãs.

11ª Estação – Jesus é pregado na cruz. O cuidado para com a mãe, simboliza o cuidado para com a fonte da vida. Se hoje o planeta se encontra aviltado e desequilibrado com as mudanças climáticas, é porque o ser humano não tem cuidado devidamente da vida e de suas fontes.

12ª Estação – Jesus morre na cruz. A criação também geme em dores pelo que a sociedade industrial vem causando a tantas pessoas. Este grito também é de morte, denunciando a exploração para além de suas possibilidades de se manter sustentável.

13ª Estação – Jesus é descido da cruz. Nos piores momentos, sempre aparece gente com coragem para ajudar. José de Arimatéia venceu o medo e se colocou a serviço. É hora de vencer os nossos medos e nos fazer testemunhas em favor da vida.

14ª Estação – Jesus é sepultado. A fé nos diz que os gritos da natureza que geme em dores de parto, nos chamam a atenção para a situação em que se encontra a vida no planeta. A morte de Jesus para nós não é morte, pois ele entra na morte para vencê-la.

15ª Estação – Jesus ressuscitou. Três dias após sua morte, Jesus ressuscitou para a plenitude da vida humana e Divina. Deus não abandonou  Jesus e revelou a verdadeira Justiça. Com a ressurreição de Jesus triunfou a vida em todas as  suas formas.  A ressurreição vem definir o sentido e a alegria de nossa esperança. A vida passa pela morte, mas não é tragada por ela. O homem não nasce para morrer. Morre para ressuscitar.

Ao final da nossa via sacra, reafirmamos a nossa fé na ressurreição e bendizemos a Deus porque Jesus ressuscitou e continua dentro da história, vivo e presente no mundo, em cada pessoa, nos acontecimentos e nas celebrações. Cremos que a ressurreição continua acontecendo sempre que os homens criam relações fraternas e estão mais próximos e respeitosos pela obra da criação de Deus.

Vejam as fotos por Wanderley Oliveira: