Encontro com o ressuscitado
Eduardo Machado
Acabou o feriado da Semana Santa. Voltamos à rotina do trabalho, do corre-corre cotidiano.
Lembra como passou aqueles dias? Teve tempo para parar um pouco e meditar sobre o sentido do que éramos convidados a celebrar? Ou a santidade da semana ficou só por conta do “feriadão que caiu do céu”?
Nada contra o feriado que é sempre tempo precioso de descanso, convívio com os mais queridos, tempo de viajar, passear, ou mesmo apenas relaxar. Mas não podemos nos esquecer; o feriado da Semana Santa, em primeiro lugar, proporciona aos cristãos o tempo sagrado para um mergulho na experiência de estar mais perto de Jesus nos momentos decisivos de sua vida.
Mas ainda é tempo. É TEMPO PASCAL!
Estamos no centro do Mistério da nossa Fé.
A Humanidade está diante de um túmulo que recorda nosso maior limite. Nele um corpo foi sepultado. O profeta galileu que seduzia o povo com suas palavras e gestos, viu-se diante dos poderosos que sentiram-se ameaçados por alguém que falava em colocar o amor no lugar das leis e das velhas tradições. O confronto chegou ao auge: traição, prisão, julgamento, tortura brutal, condenação e morte.
No túmulo, o fim de uma história. Os amigos dispersos, assustados, decepcionados não podem deixar de pensar: como toda história humana, aquela também termina em túmulo…
No entanto… na madrugada do Domingo, algumas mulheres (sempre elas…) vão ao túmulo e o encontram vazio. Voltam contando uma outra história.
E da História de Jesus de Nazaré mergulhamos no mistério da Fé.
O Deus em que cremos não se deixa aprisionar por nenhum túmulo. É o Deus da Vida e não da Morte. “Eu vim para que tenham vida, e vida plena!”, Ele disse.
Mas há quem não consiga libertar-se do túmulo. Aliás, diante do túmulo, há atitudes as mais diversas…
Há quem viu o túmulo vazio, os panos pelo chão, e ficou confuso, indeciso.
Há quem também foi ao túmulo e nem precisou entrar. Da porta mesmo, já acreditou.
Há quem diga que só acreditaria vendo e tocando…
Há quem não acreditou e, no desespero, buscou também o seu próprio túmulo…
Mas a história não se encerra no túmulo vazio. Ela continua em relatos de diversos encontros. Perto do túmulo, em estradas, em pescarias, no alto de montanhas, em salas fechadas…
Aqui e ali, as pessoas contam histórias fantásticas de encontros inesquecíveis.
As “fontes”, é verdade, não são lá muito confiáveis: mulheres (algumas de má fama…), pescadores, cobradores de impostos nem sempre honestos…
Mas ao longo desses quase dois mil anos de História continuam os insistentes relatos de “ENCONTROS” com o Ressuscitado. Nos lugares, circunstâncias e tempos mais extraordinários… ou comuns. Das formas mais diversas.
Parece que todo ser humano sobre a face da Terra tem seu momento de vislumbre, sua “visão”, seu encontro com o Ressuscitado.
E ele, quando acontece em profundidade, é decisivo. É capaz de mudar o rumo de uma vida. É capaz de dar sentido a gestos que só podem ser entendidos por aqueles que vivem grandes paixões. Sim, porque o encontro com o ressuscitado é o encontro com um Deus apaixonado. Capaz de dar, não sua morte, mas sua VIDA por nós.
Ter essa experiência é como assistir a um “trailler do Infinito” Há quem sobreviva uma vida inteira de aridez alimentando-se dessa “visão”. É como se algo no mais profundo do nosso coração dissesse e garantisse: “ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS”
Santo Inácio chamava a alegria proporcionada por esses encontros de “consolação sem causa aparente”. Uma gratuidade generosa do nosso Deus, como se estivesse acenando para nós, sorrindo e dizendo: “Pode duvidar. Eu continuo acreditando em você!”
Assim foi o encontro do ressuscitado com os discípulos de Emaús. Assim foram tantos outros encontros em tempos, circunstâncias e lugares os mais diversos.
Quem sabe agora, tempo pascal, seja hora de você se perguntar:
Olhando a minha história, contemplando a minha vida…
Onde, Como, Quando aconteceu o meu encontro mais significativo com o Ressuscitado?