Natal. Justiça, consolação e shalom

Jon Sobrino

Meditação de Natal

Em nossa sociedade, ocidentalizada, cada vez mais globalizada e aburguesada em seu ideal de vida, as tradições natalinas têm vários elementos muito conhecidos: Papai Noel, luzes, árvores e, sobretudo, consumo. Não é que isso seja de todo mal; porém, essas tradições nada têm a ver com as tradições bíblicas sobre o nascimento de Jesus de Nazaré.

Por outro lado, as tradições bíblicas, a esperança de justiça e reconciliação dos belos relatos de Isaías, e a esperança do Shalom das narrações de São Lucas, tampouco têm nada que ver com as tradições natalinas que hoje imperam.

Em breves palavras: o comércio e o consumo natalino, o mundo dos negócios… não têm nada a ver com a Bíblia, que é Palavra de Deus, e com a liturgia, que é a celebração dos cristãos.

É praticamente impossível que isso possa mudar e, por isso, deixemos para lá… Porém, sempre fica a esperança de que a Palavra de Deus e a celebração dos cristãos nos iluminem e animem.

Justiça

É necessária e está enterrada; é clara e está maquiada. Às vezes com razões aparentemente boas: “Hoje, basta falar em solidariedade”; e, às vezes, com razões claramente más: “Falar de justiça é coisa do passado”. No entanto, não há Natal cristão sem falar de Palavra de Deus e não há Palavra de Deus sem falar sobre Justiça.

Os Salmos nos recordam que “a paz e a justiça se abraçam”; deixemos de falar de paz, se não trabalhamos para construir um país justo.

As tradições mundanas não se importam com essas coisas.

Comércio e mercado são deuses e, tomara que não sejam ídolos que produzem vítimas, apoderando-se do dinheiro dos pobres e adormecendo a todos.

Tradução: Agência Adital