Curai os enfermos
Dom Odilo Pedro Scherer
No dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja celebrou também o Dia Mundial do Enfermo. Em Lourdes, com as aparições de Nossa Senhora a S. Bernardete, surgiu uma fonte para onde verdadeiras multidões de pessoas já acorreram para procurar a cura de suas doenças.
Certamente, a comemoração do Dia Mundial do Enfermo na festa de Nossa Senhora de Lourdes está relacionada com esse dado. Na Europa, ainda hoje, partem “trens-enfermaria” de muitos lugares com destino a Lourdes, levando doentes de todo tipo, acompanhados durante essa viagem para a “fonte da saúde”, aos pés de Nossa Senhora, por médicos, enfermeiros e voluntários em grande número.
Todos os anos, o Papa emite uma bela Mensagem para o Dia mundial do Enfermo. Neste ano, ao mesmo tempo que a Mensagem é confortadora para os enfermos, ela se refere aos “Sacramentos da Cura” – Penitência, ou Reconciliação, e Unção dos Enfermos. Partindo da cura dos dez leprosos e da palavra – “vai, a tua fé te salvou” – dita por Jesus àquele único, que voltou para agradecer a Jesus por sua cura (cf Lc 17,11-19), o Papa fala da importância da fé em Deus para aqueles que se encontram nas angústias do sofrimento e da enfermidade.
As fragilidades da saúde abrem o coração mais facilmente para Deus, fazem experimentar os limites e procurar o Senhor da vida. No encontro com Ele, o doente pode ter a certeza de não estar sozinho, abandonado à própria sorte. Deus está próximo de todos nós e nos envolve com sua paternal providência; mas o doente pode perceber ainda melhor que, em suas angústias e sofrimentos, o “Bom Samaritano” ajuda a quem está caído a se levantar, a carregar e suportar seu fardo. Em Deus, a fragilidade humana encontra amparo: “teu bastão e teu cajado me dão segurança!” (Sl 22).
Bento XVI chama a atenção para a missão religiosa específica dos Ministros da Igreja em relação aos doentes e à cura dos “corações atribulados”. O Sacramento da Penitência, ou Reconciliação, é um dos Sacramentos da Cura, e oferece às pessoas a possibilidade de restaurar as dilacerações da alma, provocadas pelo pecado. Graças à misericórdia de Deus, buscada e acolhida através desse Sacramento, a experiência do pecado não degenera em desespero, mas encontra o Amor que perdoa e transforma.
O Sacramento da Unção dos Enfermos faz prolongar na vida e na ação da Igreja aquele amor atencioso, compassivo e delicado de Jesus em relação aos doentes, que se aproximavam dele em grande número. Por este Sacramento, os doentes são ajudados a viver na dimensão da fé o tempo da enfermidade, que não deve ser um tempo desperdiçado na vida, pois tem enorme valor e fecundidade, quando vivido no horizonte da fé em Deus. Mediante a Unção dos Enfermos, acompanhada pela oração dos sacerdotes, a Igreja inteira recomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado, a fim de que alivie suas penas e os salve; e exorta os próprios enfermos a unirem-se espiritualmente à paixão e morte de Jesus, para contribuir, deste modo, para o bem do Povo de Deus.
O Papa exorta a Igreja a valorizar mais, tanto na reflexão teológica como na prática pastoral, a Unção dos Enfermos, que não deve ser considerado como um “Sacramento menor” em relação aos demais; é necessário valorizar mais as diversas situações humanas ligadas à doença, e não apenas o fim da vida, relacionando-as com os conteúdos da fé, do amor e da esperança cristã. E o Papa aponta também para a importância da Eucaristia para os doentes, que podem, através de sua acolhida, associar-se mais estreitamente ao Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
“Saúde”, finalmente, relaciona-se com a plenitude de vida e a salvação eterna das pessoas. Como cristãos, devemos estar atentos a não deixar que as pessoas enfermas e próximas da morte sejam confiadas apenas aos serviços técnicos dos profissionais da saúde – que também não devem faltar. Nesta hora, não devem faltar a assistência e o conforto da fé para quem se encontra diante da grande decisão de sua vida, antes de apresentar-se diante de Deus. As comunidades católicas estejam, por isso, muito atentas para que não faltem as palavras da fé e o “Pão da Vida”, para aqueles que dele tanto necessitam
Marcelo
fev 19, 2012 @ 09:37:52
Sinceramente, não gosto das mensagens do atual cardeal de São paulo: tao papistas e tão pouco a ver com a nossa realidade social e eclesial. A visão de saúde exposta nesse texto é bastante problemática inclusive do ponto de vista teologico e , especialmente,soteriológico e mariológico!
Saudades das mensagens de Dom Paulo Evaristo, com suas mensagens claras e simples, mas cheias de profundo conhecimento teológico e comprometido com a vida concreta das pessoas!