Sob o signo de Bento XVI
Dom Demétrio Valentini
A Assembleia da CNBB deste ano parece mesmo destinada a sublinhar coincidências simbólicas.
Começa pelo fato, já registrado, de ser a qüinquagésima assembléia, justo quando se comemoram os 50 anos da abertura do Concílio. Esta coincidência revela a íntima relação entre a história da CNBB e as propostas do Concílio.
Mas há outro dado curioso. O contexto da assembléia vem marcado por três aniversários do Papa Bento XVI.
Na segunda-feira dia 16 de abril, o seu aniversário natalício. O Papa já chegou aos 85 anos de idade.
No dia 19, o aniversário de sua eleição papal.
No dia 24, o aniversário do início oficial do seu pontificado, que já chega a sete anos!
Nem precisava tanto, para recordar quem sempre é lembrado com tanta insistência. Em qualquer missa, por simples que seja, sempre existe o momento de rezar pelo Papa.
Mas parece que desta vez as datas convergem, para colocar esta assembleia, que já tinha a sua marca histórica, sob o signo do Papa Bento 16. Ao longo da assembleia, os diversos aniversários serão lembrados com a menção que merecem. Só mesmo um Papa pode celebrar três aniversários numa mesma semana!
Quando foi eleito, Bento 16 explicou a escolha do seu nome, alegando que Bento 15 tivera um pontificado breve. Assim ele pressentia que o dele também seria breve, pois acabava de celebrar 78 anos de vida.
Pelo andar da carruagem, e pela saúde que Bento 16 demonstra, a sua própria expectativa de vida vem sendo relativizada. De novo se comprova que, em se tratando de idade, só estamos seguros quando falamos a posteriori, não a priori.
Ninguém se anima hoje a fazer prognósticos a respeito da duração deste pontificado. Se olhamos para a agenda dos seus compromissos já marcados, entre os quais emerge o encontro mundial com a juventude no Rio de Janeiro em julho do ano que vem, dá para perceber que todos estão convictos que a saúde do Papa está em boa forma.
No contexto dos diversos aniversários do Papa nestes dias, vale recordar o episódio dos noventa anos do Papa Leão 13. Fizeram-lhe uma festa bonita. O cardeal encarregado de saudá-lo, no seu discurso desejou ao Papa mais dez anos de vida. Ao que Leão 13 prontamente interrompeu, dizendo: “Não se pode pôr limites à Providência de Deus!”.
Se com 90 anos era para deixar de lado as especulações, menos ainda convém especular agora, por ocasião dos 85 anos de Bento 16. Sobretudo porque o seu pontificado, que já chega a sete anos, se soma ao longo pontificado de João Paulo II. Pois dada a função exercida pelo então Cardeal Ratzinger, para presidir o mais importante “dicastério” do governo pontifício, como é a “Congregação para a Doutrina da Fé”, era evidente que os cardeais identificassem nele o candidato mais conveniente para levar em frente o pontificado de João Paulo II.
Em todo o caso, esta assembléia da CNBB, já emoldurada com as referências dos 50 anos do Concílio, pelos aniversários nestes dias, fica também colocada sob o signo de Bento 16. Até que a Providência dispuser, independente das especulações que se possam fazer.
Parafraseando o ditado, dá para dizer que “o homem supõe, e Deus surpreende!”