Sínodo dos Bispos: como acontece?
Dom Sérgio da Rocha*
O Sínodo dos Bispos, presidido pelo Papa, reúne bispos representantes de todas as Conferências Episcopais do mundo, cujo número de participantes depende do tamanho do episcopado. Países com mais de cem Bispos, como o Brasil, elegem quatro representantes. Além dos bispos eleitos pela Conferência Episcopal, outros são nomeados pelo Papa. Além disso, Cardeais e Bispos que atuam na Cúria Romana, também participam. Neste Sínodo, o total é de 263 Padres Sinodais. Essa é a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. O tema que está sendo estudado é a “Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”.
O período em que se realiza é longo: de 07 a 28 de outubro e o local é um pequeno auditório localizado na parte superior da famosa Sala Paulo VI, ao lado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Trata-se de uma ocasião especial de comunhão eclesial, colegialidade episcopal e partilha. É intenso o ritmo de atividades. Trabalha-se durante toda a semana, exceto domingos, das 9 às 19 h, com o intervalo para almoço. Usa-se o latim para as orações, relatórios e principais documentos. Os pronunciamentos e intervenções dos Bispos podem ser em italiano, inglês, espanhol, francês ou alemão.
A língua portuguesa ainda não figura como língua oficial. Os “circoli minori”, que são grupos de trabalho, são organizados de acordo com as línguas. Nos dois grupos hispânicos, pode-se falar espanhol ou português. Os bispos utilizam a batina nas sessões da Assembleia Sinodal. Além das orações que são realizadas no auditório, foram programadas algumas missas presididas pelo Papa e concelebradas pelos Bispos, na praça de São Pedro: abertura (dia 07) e encerramento do Sínodo (28), abertura do Ano da Fé com o Jubileu do Concílio Vaticano II e os 20 Anos do Catecismo da Igreja Católica (dia 11) e celebração de canonização (dia 21).
No primeiro período do Sínodo, cada Bispo tem cinco minutos para apresentar um assunto relacionado com o tema geral, devendo tomar em consideração, de modo especial, o Instrumentum Laboris que, conforme a expressão latina, é o “instrumento de trabalho” enviado a cada Padre Sinodal alguns meses antes do Sínodo para preparar-se. No período inicial do Sínodo, temos um tempo precioso de partilha da realidade da Igreja de cada país e dos temas considerados mais importantes. Como é grande o número dos Padres Sinodais, exige-se, obviamente, bastante esforço para estar atento a cada fala. No final de cada dia, há uma hora de palavra livre, permitindo uma participação ainda maior, com a partilha de experiências pastorais e observações sobre o andamento do Sínodo.
Outros convidados tem oportunidade também de dirigir a palavra. Na Assembleia Sinodal, estão presentes padres, religiosos(as), diácono permanente e leigos(as). Representantes de outras Igrejas cristãs também tem oportunidade de falar, expressando bem a dimensão ecumênica. Alguns deles participam o tempo todo do Sínodo. É admirável a presença do Papa Bento XVI presidindo a maior parte do Sínodo, ouvindo atentamente as intervenções dos Padres Sinodais.
Terminado o período dos pronunciamentos de cada participante, neste Sínodo, após o dia 17 de outubro, intensifica-se o trabalho em grupos para apresentar as “proposições” que deverão ser votadas e aprovadas pela Assembleia Sinodal para servir de base à “Exortação Pós-Sinodal”, documento elaborado pelo Papa, recolhendo as proposições do Sínodo. No final, há também a publicação de uma “Mensagem” elaborada por uma Comissão e aprovada pelos participantes. Tal Mensagem recebe especial atenção, pois em geral ela se torna uma espécie de documento de referência do Sínodo, enquanto se aguarda a publicação da Exortação Pós-Sinodal. Mas, como está o atual Sínodo e qual tem sido a participação do Brasil? Veja no próximo relato! Reze pelo Sínodo!
*Arcebispo Metropolitano de Brasília / DF
CNBB
Postado por Paróquia de Santo Afonso