Bento XVI e a V Conferência
Padre Geovane Saraiva*
Papa é o nome mais comum e mais usado, que em grego quer dizer “Pai”. Pai dos amigos de Jesus e de todos aqueles que abraçam a fé, no desejo viver e ser coerente com seu batismo, realizando a vontade do Pai, numa bela e rica experiência do amor de Deus, no seguimento de Jesus de Nazaré.
Podemos chamar o Papa de Vigário de Cristo na terra, Pastor Universal, Romano Pontífice, Sumo Pontífice, Augusto Pontífice. Sucessor de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, Santo Padre, Sua Santidade, Chefe Visível da Igreja, Patriarca do Ocidente, Primaz da Itália e ainda Servos dos Servos de Deus.
A Igreja da América Latina e do Caribe ficou marcada com as quatro conferências do episcopado, ganhando um rosto bem próprio, bem claro e bem definido. A Conferência do Rio de Janeiro em l955 preocupou-se com a ignorância religiosa do povo de Deus. Já em Medellín, na Colômbia em l968, com toda animação e entusiasmo do Vaticano II, enfocou a libertação, marcando a caminhada da Igreja, diante de uma realidade subumana, gerando assim um grande otimismo. Em Puebla, em l779, o tema da Conferência foi evangelização no presente e no futuro da América Latina, querendo esse Sínodo agir, buscando meios de ser fiel a boa nova da salvação, na comunhão e na participação. Por último, em l992 realizou-se a Conferência de Santo Domingos, na República Dominicana. A palavra que prevaleceu foi inculturação, com atenção especial para a promoção humana, pegando libertação de Medellín e comunhão e participação de Puebla.
A visita do Papa Bento XVI ao Brasil de 09 a 13 de maio de 2007, por ocasião da V Conferência, foi de uma importância incomensurável, com sua voz e sua palavra amiga na aula inaugural, foi uma benção de Deus para o povo brasileiro e para toda a América Latina e o Caribe. “Agradou de forma ampla a maioria do povo brasileiro, embora grupos de pessoas tenham ficado inconformado com sua presença. Essa maioria, conforme as pesquisas, concorda com a defesa dos princípios éticos pelos quais se bate a Igreja Católica, sobretudo, na defesa da vida, desde a concepção até seu fim natural” (Valdemar Menezes, O Povo, 20.05.2007).
No nosso mundo de hoje, com uma consciência subjetiva, marcado pela insegurança e incerteza, o povo se dirigiu ao Romano Pontífice porque viu nele um Pai e, ao mesmo tempo, como o Vigário do Cristo na terra. Foi com a convicção de que nele encontraria gentileza, uma voz mansa, firme e segura. Tendo a certeza dos valores anunciados pelo Sucessor de Pedro transcendem, indo além dos valores terrenos.
Acreditamos numa Igreja verdadeiramente pascal, com os pés no chão, mãos elevadas e os olhos na realidade, sonhando, evidentemente, com uma Igreja que olha com profundo amor, para causa dos que sofrem: mulheres, indígenas, negros, camponeses e sofredores de toda sorte, que são no dizer de Dom Helder, “as minorias abraâmicas”.
Foi por isso mesmo que a nossa boa gente se dirigiu ao encontro do Papa Bento XVI, na sua visita como um todo, vendo nele o Bom Pastor: “A ti corremos, Angélico Pastor, Em ti nós vemos o doce Redentor. A voz de Pedro na tua o mundo escuta, não vencerão as forças do inferno, mas a verdade, o doce amor fraterno!” (Hino do Vaticano).
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso
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Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” – 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
“Dom Helder: sonhos e utopias” (o pastor dos empobrecidos).