O Tríduo Pascal do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado
Dom Edmar Peron
Aproximam-se os dias sagrados do Tríduo Pascal, chamado por Santo Agostinho de “tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado”; com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da Páscoa do Senhor. Celebrando esse Tríduo, a Igreja se associa em íntima comunhão com Cristo, seu Esposo, por meio dos sinais litúrgicos e sacramentais. Procuremos compreender um pouco mais o sentido de tal Tríduo.
Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor a Igreja inicia o «tríduo pascal», fazendo memória da entrega total do Senhor e anunciando já a sua ressurreição, como bem nos diz o refrão do canto de abertura dessa missa: “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição: foi ele que nos salvou e libertou” (cf. Gl 6,4).
O mistério do Crucificado: “padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto”. A Sexta-feira Santa, dia em que “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1Cor 5,7), a Igreja, na Celebração da Paixão do Senhor, meditando a «paixão» – pelas leituras da Liturgia da Palavra – e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo, elevando ao Pai a tradicional Oração Universal.
O mistério do Sepultado: “sepultado, desceu à mansão dos mortos”. Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição. É o dia sem Eucaristia. Dia que expressa simbolicamente a situação da pessoa humana nesta terra, esperando a vinda gloriosa do Senhor, o Domingo sem fim.
O mistério do Ressuscitado: “ressuscitou ao terceiro dia”. Ao anoitecer do segundo dia, o sábado, tem início o grande Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor. Ele possui duas solenes celebrações: a Vigília Pascal, durante a noite, e a Missa do Dia. (a) A Vigília comemora a noite santa em que o Senhor ressuscitou da morte vencedor; noite da verdadeira libertação; noite que recapitula toda a obra pascal do Senhor. (b) E o Domingo é o primeiro de todos os Domingos do ano: é o “Dia que o Senhor fez para nós, dia de festa e de alegria”! Dia da ressurreição do Senhor, começo da nossa ressurreição. Reunidos na alegria deste Dia, celebramos a vitória do Cristo e valorizamos, como sinais desta vitória, as conquistas e vitórias da comunidade e os passos de libertação que cada um de nós, pela força do Espírito, deu em sua vida pessoal; em meio às nossas lutas e sofrimentos podemos e devemos cantar com Jesus Cristo, nesse dia: Ressuscitei, Senhor; contigo estou, Senhor; teu grande amor, Senhor, de mim se recordou; tua mão se levantou, me libertou!
Por isso a Igreja, fundada em uma tradição apostólica, cuja origem encontra-se no próprio dia da Ressurreição de Cristo, celebra a cada oito dias, no Domingo, o mistério pascal de Cristo.
Sugiro aos leitores o estudo do documento sobre a preparação e celebração das festas pascais, intitulado Paschalis Sollemnitatis, que lhes foi apresentado nesse texto.
Feliz Páscoa!