São Paulo, Apóstolo
Antônio Mesquita Galvão
Paulo de Tarso é uma figura notável. Depois do Deus Trino e da Virgem Maria, ele é a pessoa mais importante do cristianismo. Eu sempre digo, como seria difícil falar em Jesus, pregar o evangelho, pensar em Igreja e desenvolver uma atitude missionária se não tivéssemos o modelo cristão que ele nos deixou.
Em uma audiência geral do fim de junho de 2008, o papa Bento XVI citou a vida de Paulo de Tarso como proposta de ensinamento para nós, cristãos do terceiro milênio. O papa destacou a sua originalidade, além do fato de Paulo compartilhar sua cultura e o ambiente em que vivia.
Diante de aproximadamente oito mil fiéis, Bento XVI destacou a tripla formação de Paulo (judaica, helenista e romana), anunciando que proferirá novas alocuções, no decorrer do período 2008/2009 a respeito do apóstolo, em alusão ao “Ano Paulino”, quando se comemora dois mil anos de seu nascimento. “Ao grande apóstolo é consagrado este ano litúrgico porque ele é uma figura distinta e inimitável, mas sempre estimulante diante de nós, como exemplo de grande abertura à humanidade e às suas culturas”, afirmou o papa.
Nessa alocução, o papa ilustrou ao público a relação entre São Paulo e o seu ambiente romano, onde os judeus eram minoria (na Roma antiga, não chegavam a 3% da população), e também falou das várias passagens de sua vida, como seus famosos discursos em Atenas, que teriam influenciado correntes estóicas daquele tempo.
Um dos livros que mais me impressionou foi “Os santos que abalaram o mundo” (R. Füllop-Miler, 1948) no qual o autor destaca a vida e obra de cinco santos: Antão, Agostinho, Francisco, Inácio e Teresa de Jesus. Sem querer ser polêmico, me permito discordar de uma nominata da qual Paulo de Tarso não faça parte. É impossível falar de cristianismo sem citar a pessoa e a obra de São Paulo, chamado com muita propriedade de o maior depois do Único. Ele, mais do que ninguém abalou o mundo.
A teologia paulina é um tratado, especial e privilegiado sobre a graça de Deus. Lá encontramos inúmeras referências ao dom da salvação, gratuitamente colocado à disposição de quem crê pelo Deus rico em misericórdia, que nos arrancou da morte e nos deu vida.
São Paulo é um comunicador por excelência. Ele rompe o círculo vicioso da pregação religiosa de seu tempo, em que os sacerdotes não saiam dos templos. Ele saiu para ir onde o povo estava. Por esta razão, o papa Paulo VI disse certa vez que, se São Paulo vivesse hoje, certamente seria jornalista. Dentro dessa perspectiva é preciso ler sua obra como uma reportagem que nos relata a grandeza de Deus, assim como o grande amor do gesto redentor de Cristo.
Assim como um crítico especializado tenta, através de apologias, nos convencer do valor de um livro, de um filme ou de uma ideologia qualquer, assim o apóstolo viveu, viajou, pregos, fundou igrejas e deixou documentos para mostrar a todos a eficácia do evangelho da salvação.
Compreender Paulo e sua obra é sedimentar nosso conhecimento sobre o cristianismo.