O sonho e a semente

“O sonho é a infinita sombra da Verdade.” – G. Pascoli, poeta italiano – 1855-1912

É no sonho que habita a força das nossas maiores realizações. Ela dorme, silenciosa, no nosso desejo de transformar em cosmos o que antes era apenas o caos, interno ou externo. Tudo é uma questão de manter presentes os nossos projetos mais valiosos, aqueles pelos quais vale a pena empenhar todas as nossas forças. É daí que vem o combustível capaz de dar o start em todo o processo.

Todos nós temos, guardados em algum canto de nossa vida, uma coleção de sonhos – lembra-se deles? Alguns destes projetos foram esquecidos, deixados por conta da poeira do tempo, que tratou de encobri-los enquanto nos dispersávamos mantendo a mão no arado, mas olhando somente para trás. Ora, a poeira do tempo escondeu-os de nossa vista tanto quanto de nossas agendas, sem no entanto destruí-los. E eles continuam lá, como a força de Deus que se esconde na semente da mostarda e a faz germinar contra todas as forças antagônicas geradas pelo poder da morte.

Quantos e quais são estes sonhos? Que destino lhes daremos? Certamente merecem um futuro mais nobre do que apenas ficarem soterrados pelo esquecimento e pelo abandono de desculpas injustificáveis. Que tal fazer uma lista – uma lista modesta? Ela poderia começar por coisas simples como a leitura daquele livro que você um dia conheceu e com o qual assumiu um pacto silencioso de leitura. Ou com o propósito de colocar à disposição de alguém uma parte de seus conhecimentos e habilidades.

Nós trabalhamos, ficamos diante das câmeras, mas é Deus quem cuida da produção. Nós aparecemos, mas é a força dos nossos sonhos que nos coloca em evidência. Isso, desde que queiramos transformá-los em prática, em realidade. O resultado dessa empreitada é ainda melhor quando a realização destes sonhos não é solitária, mas solidária, como nos lembrou o Pe. Julio na homilia do último domingo, e beneficia também a comunidade.

Rubens Marchioni – [email protected]