Imigração na Europa
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
Em 24 horas, nada menos do que 3.300 imigrantes provindos no norte da África desembarcaram no sul da Itália, recolhidos com a ajuda das autoridades desse país (“operação mare nostrum”). Parte considerável dessa população em êxodo é formada de mulheres e crianças, inclusive recém-nascidas.
Desde janeiro até agora, a quantidade de pessoas desembarcadas na região já ultrapassa a casa dos 40 mil. Prevê-se para breve um aumento desse número, dada a situação de desespero nos portos do outro lado do mar Mediterrâneo.
Por trás dessa “multidão expatriada” de prófugos e refugiados, o horror do inferno. Inferno de pobreza, miséria e fome, de conflitos armados, de guerras fratricidas, de perseguição e fuga…
“No meio do caminho tinha uma pedra”, como diria o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade: a máfia dos coyotes, intermediários, atravessadores – ou na linguagem mais realista de J. B. Scalabrini, “os mercadoes de carne humana” – que agem dos dois lados do Mediterrâneo.
No fim da linha (um fim que não deixa de ser um novo começo), uma acolhida precária por parte da Itália, em instalações saturadas e à beira do colapso, e uma indiferença de avestruz por parte dos demais países da União Europeia.
No horizonte, persiste a esperança e a incerteza dos que caminham em busca de uma nova pátria: esperança de conquistar enfim “um lugar ao sol” para si e a família; incerteza de como fazê-lo em meio a um labirinto de tantas adversidades.
Roma, Itália, 1º de junho de 2014
Aniversário de morte de Dom J. B. Scalabrini