Beatificação de Dom Oscar Romero será dia 23 de maio
Dom Oscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador, vai ser beatificado no dia 23 de maio no seu país natal, onde foi morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país.
O anúncio foi feito na conferência de imprensa pelo postulador da causa de canonização, o arcebispo italiano Dom Vicenzo Paglia, o qual adiantou também que a cerimónia vai ser presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé).
O Papa autorizou no dia 3 de fevereiro deste ano a publicação do decreto que reconhecia o martírio de Dom Oscar Romero.
O rito de beatificação constitui uma etapa essencial para a canonização, mediante a qual um cristão é declarado santo e se alarga a sua veneração a todas as nações e congregações religiosas.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996.
A luta do arcebispo
No próximo dia 24 de março, completam-se 35 anos da morte do eclesiástico. Nessa data, em 1980, que era um Domingo de Ramos, Dom Oscar Armulfo Romero foi atingido com um disparo no coração por um atirador do exército salvadorenho, enquanto celebrava uma missa na capela do hospital da Divina Providência, na Colônia Miramonte, em San Salvador, capital salvadorenha. Ele foi perseguido durante a Guerra Civil do país, conflito armado que se estendeu de 1980 a 1992 entre o governo de direita e a guerrilha de esquerda, deixando 75 mil mortos.
Nos três anos em que serviu as comunidades católicas, o progressista latino-americano, Dom Romero assumiu uma postura de defesa dos índios, pobres e perseguidos políticos pelas milícias paramilitares. Semanas antes de sua morte, Monsenhor Romero intensificou as denúncias contra o governo salvadorenho e militares por violações aos direitos humanos no país.
No esforço contra a repressão, o religioso chegou a pedir aos Estados Unidos que interrompessem a ajuda militar a El Salvador. Os EUA, que temiam o avanço de processos semelhantes ao da Revolução Cubana na América Latina e ameaçassem sua política econômica imperialista, apoiavam as forças governistas salvadorenhas e financiavam a repressão, transferindo em torno de US$ 7 bilhões às forças estatais e não estatais durante um período de 10 anos.
Pela luta, Dom Romero tornou-se um dos símbolos da Teologia da Libertação na América Latina. Até hoje, o crime não foi julgado pelo Estado de El Salvador. A Lei de Anistia do país, assinada em 1993, deixou centenas de crimes, inclusive o assassinato do arcebispo, sem aplicação da Justiça. Um informe da Comissão da Verdade do país aponta o militar e fundador do Partido ARENA (Aliança Republicana Nacionalista) Roberto D’Aubuisson Arrieta, morto em 1992, como um dos mentores do crime.
Fonte: Agência Eclesia / Brasil de Fato