Os 19 anos do ECA sob o olhar de um ex- menino de rua
Agência Adital
Ex- menino de rua, hoje fotógrafo da Fundação Criança expõe sua obra em Brasília na 8º Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
“Os 19 anos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) sob o olhar de um ex- menino de rua” é o nome escolhido para a exposição fotográfica que ocorre na 8ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente entre os dias 07 e 10 de dezembro, em Brasília.
Fotógrafo
O fotógrafo Leonardo Duarte tem 30 anos, é natural de Juazeiro do Norte, Ceará, e atualmente mora no Jardim Silvina. Veio para São Bernardo do Campo com 12 anos. Aos 14, começou a trabalhar na rua, vendendo balas em ônibus e nas portas das fábricas da cidade. No começo era o trabalho precoce que o levava para a rua, depois a convivência com os amigos o fez passar cada vez mais tempo nas ruas, chegando a dormir vários dias fora de casa.
O interesse pela fotografia surgiu quando foi personagem de uma matéria jornalística sobre autodidatas – Leonardo aprendeu a ler e escrever por conta. Ao ser fotografado por Paulo Giandalia, repórter da Folha, Leonardo falou do seu interesse por essa arte. Paulo deixou três rolos de filmes com ele, que foram avidamente usados. Desse trabalho, 11 fotos foram publicadas no jornal, sendo que uma delas foi manchete na capa, em 1997.
Atualmente, Leonardo é fotógrafo da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, onde também dá aulas de fotografia para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Como lembra o ex-menino de rua, o fato de ter sido acompanhado por uma organização social voltada para o atendimento a crianças e adolescentes fez a diferença para sua vida. Foi no Projeto Meninos e Meninas de Rua (PMMR) que ele ampliou sua visão de mundo e aprendeu a discutir os direitos e reivindicar políticas públicas para crianças e adolescentes. Em 1998, eleito pelos educadores e colegas, Leonardo cruzou fronteiras e participou do Encontro Latinoamericano de Meninos e Meninas de Rua, em Montevidéu, no Uruguai.
A cada assembléia, a cada encontro, crescia a vontade de contribuir, não só como menino atendido, mas como protagonista da transformação social. Foi assim que o adolescente Leonardo Duarte liderou o movimento para criação dos núcleos de base do PMMR, para a defesa da estruturação e presença do Estado nas comunidades periféricas de São Bernardo do Campo. Assim como faziam os educadores sociais que lutavam por dias melhores, o jovem fotógrafo conseguiu garantir a participação dos atendidos pelo projeto nesse mesmo processo de luta, não só para crianças e adolescentes, mas também para a juventude. Foi assim que surgiram os núcleos de base, formados por jovens dos vários bairros de São Bernardo. Pela contribuição de mobilização social Leonardo passou a ser também um educador social da organização.
Para ele, sua passagem pelo Projeto foi fator determinante para que não permanecesse vulnerável ao mundo do crime e, ao contrário, pudesse manifestar sua indignação em espaços de discussão e pelo olho de denuncia de seu equipamento fotográfico. Olhar de um ex-menino de rua que tem denunciado, nesses anos, o desespero das famílias sem casa, de catadores que buscam no lixo a sua sobrevivência humana, de crianças vítimas de conflitos familiares, de adolescentes sem esperança, mas que também capta o sorriso, a ternura, a organização, anunciando o sonho dessa gente brasileira.
“Esse é um apanhado fotográfico de um retirante nordestino que busca através de sua arma passiva e ao mesmo tempo ativa, ferir o olhar de quem faz ‘vistas grossas’ à realidade desse povo que constrói e não habita”.
Exposição Fotográfica: “Os 19 anos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) sob olhar de um ex- menino de rua“.
Dias: 07, 08, 09 e 10 de dezembro de 2009, na 8ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Local: Centro de Convenções Ulisses Guimarães em Brasília – DF.
Conheça mais sobre o trabalho de Leonardo em: www.duarteleonardo96.blogspot.com
teresa norma
dez 10, 2009 @ 16:28:15
Eu escrevi no twiter que bom seria viver em um mundo que nao precisasse do ECA nem da Declaraçao dos Direitos Humanos porque quando isso acontecer é que nós estaremos nos tratando uns aos outros como Jesus nos ensinou