São Luís Orione
12 de Março
No dia 23 de junho de 1872, no vilarejo italiano de Pontecurone, nasceu o quarto filho do casal Vitório Orione e Carolina Feltri: João Luis Orione. Foi batizado no dia seguinte, 24 de junho, festa de São João, na Paróquia de Santa Maria da Assunção, tendo como padrinho seu irmão mais velho, Benedetto.
À família Orione não faltava o necessário, mas era pobre, entre as mais pobres do vilarejo. Dizia São Luis Orione: “Entre as graças que o Senhor me concedeu, eu tive aquela de ter nascido pobre. Os meus sempre trabalharam para poder comer”. Esta era a situação comum à grande maioria dos seus conterrâneos.
Seu pai Vitório, era calceteiro, e por isso passava muito tempo longe da família, apesar de ser muito ligado a ela. Embora não sendo um católico praticante, não era privado do sentido religioso, ajudou a intuir em Dom Orione o sentido da generosidade, da retidão, do trabalho bem feito e da predileção para com o mundo dos pobres.
Carolina Feltri teve uma função muito importante na formação religiosa de Luis Orione, pois se destacava pela assiduidade às práticas religiosas. É descrita como uma mulher simples, espontânea, reta e muito sensível aos pobres. Seu método educativo era baseado na religião e na piedade. A devoção mariana de Dom Orione tem sua origem em sua mãe.
Desde muito cedo, Luiz Orione já revelava ser uma criança extraordinária, pois muito precocemente, advertiu sua família para o chamado de sua missão: seguir Jesus Cristo através do sacerdócio.
O primeiro momento de sua formação sacerdotal se deu no seminário dos frades franciscanos, onde seu espírito foi moldado de ilimitada obediência, amor e devoção à autoridade da Igreja, o Papa. No entanto, em abril de 1886, foi acometido por uma grave pneumonia, que ameaçou sua vida, levando-o à beira da morte. Devido a sua debilitação, os frades decidiram enviá-lo de volta para junto da família.
Um tempo de trabalho junto com o pai no serviço rude de calçar estradas e assentar paralelepípedos valeu-lhe nova saúde. Pouco tempo depois, foi cursar o ginásio em Turim, aluno de Dom Bosco. Lá descobriu os mistérios da fé e entregou-se com confiança ao mestre, que o tinha entre os mais queridos. Dom Bosco faleceu em 1888, mas continuou vivo na mente e no coração de Dom Orione.
No momento de decidir entre o noviciado salesiano e o seminário, foi tomado por uma profunda angústia. Superou a crise com um dos seus famosos sonhos, no qual apareceu para confortá-lo Dom Bosco, trazendo nos braços uma veste que deixou cair nos ombros de Luis Orione. Finalmente estava certo de que o Senhor o queria no seminário. Entra assim, no seminário de Tortona em 1889.
Uma longa doença atingiu seu pai, que veio a falecer em 1892. Sua mãe, Carolina, viu desaparecer suas economias, de tal modo que Luiz, para continuar os estudos, ocupou um dos três lugares de guardião da catedral de Tortona – serviço reservado aos seminaristas mais pobres. Recebia doze liras mensalmente, das quais a metade dava para outro seminarista que estava em situação mais difícil que a sua. E é justamente na sacristia daquela catedral que ele dá início a sua grande obra de Apóstolo e Educador.
Em abril de 1892, veio-lhe ao encontro uma criança expulsa da aula de catecismo da Paróquia São Miguel (Tortona). Sentindo-se acolhido pelo clérigo Orione, o garoto retornou, acompanhado de outros colegas.
Mais tarde, o bispo, Monsenhor Bandi, concedeu-lhe os jardins da casa episcopal. Foi o primeiro Oratório que apareceu na Diocese de Tortona. No dia 03 de julho de 1892 foi feita a inauguração solene do mesmo, com a presença de dois bispos, padres e seminaristas. O clérigo Luiz Orione, aos vinte anos de idade, pronunciou o seu primeiro discurso para a multidão ali presente, sobre o tema: “Cristo, Maria, Papa e Almas”. Assim se inicia o Oratório Festivo São Luis, berço da futura Obra de Dom Orione.
Em outubro de 1893, foi fundado o primeiro colégio para menores abandonados, no bairro de São Bernardino de Tortona, com quarenta jovens, dentre os quais alguns queriam ser padres, mas não podiam pagar a mensalidade do seminário. É a primeira fundação da Pequena Obra da Divina Providência que hoje se encontra espalhada por mais de duas dezenas de países. São Luis Orione foi modelo de fé e abandono na Providência.
No dia 13 de abril de 1895 foi ordenado sacerdote e continuou dirigindo sua fé e seu amor a Deus, no sentido mais realista e concreto. Foi um homem “pé no chão”. Com um coração bondoso e sem limites via os problemas e sofrimentos das populações indefesas, criando mecanismos para defendê-las. Via as angústias secretas dos indivíduos e sabia confortá-los.
Suas atenções especiais foram para os seguintes grupos: os menores abandonados, os doentes, os idosos sem recursos e os rejeitados da sociedade e seus quatro amores eram: Jesus, Maria, O Papa e as Almas (pessoas mais pobres, mais necessitadas).
Sua frase mais repetida é: “Fazer o bem sempre, o bem a todos, o mal nunca a ninguém”.
Dom Orione, na sua grande preocupação em servir ao próximo, esquecia-se de sua saúde, que inspirava cuidados, devido aos problemas que sofria do coração. A Congregação preocupada com esse fato procurava convencê-lo a ir para um lugar mais tranqüilo, onde pudesse repousar. No entanto, sua vontade era estar junto aos pobres e necessitados. Dizia ele: “Quero morrer entre os pobres e não entre as palmeiras”. Em obediência aos seus confrades e cedendo a insistência dos mesmos, foi para San Remo, onde veio a falecer quatro dias depois, sereno e tranquilo, proferindo as palavras:”Jesus, Jesus, Jesus”. Era 12 de março de 1940.
Depois de sua morte o corpo de Dom Orione foi guardado numa cripta, no subterrâneo do Santuário de Tortona. Após aproximadamente 25 anos, houve uma grande enchente que inundou o local onde estava guardado o corpo. Com o objetivo de limpar o local, foi aberta a cripta e tiveram uma grande surpresa: seu corpo estava intacto. Depois de vários procedimentos e muitas análises o corpo foi liberado para ser exposto a visitação, numa redoma de vidro, no Santuário de Tortona, de onde, no dia 16 de maio, dia de sua santificação foi levado para Roma.
Depois dessa descoberta, os seus seguidores se sentiram ainda mais inspirados para vê-lo proclamado santo. Iniciando assim, um longo processo de santificação, composto de três passos importantes: o primeiro é aquele em que a Igreja reconhece as virtudes cristãs heroicamente e o declara Venerável ou Servo de Deus, que aconteceu no dia 06 de fevereiro de 1978. O segundo foi a Beatificação ocorrida em 26 de outubro de 1980, pelo reconhecimento de um milagre sucedido com Giorgio Passamonti, que entra em estado de coma totalmente irremediável. Nessa situação de desespero a mãe recorre a Dom Orione e alguns dias depois o rapaz sai do coma, para espanto dos médicos, recuperando completamente a saúde.
O último passo foi o segundo milagre aceito pelo Vaticano e que o levou aos altares. Em 1990, Pierino Penacca de Monperone, adoeceu e ao realizar diversos exames descobriu que possuía um câncer pulmonar. Como não resistiria ao tratamento que seria feito a base de quimioterapia ou radioterapia, por causa da idade avançada (77 anos), o conselho dos médicos é que deixassem o paciente a vontade. Depois de muitas orações e novenas, pedindo a intercessão de São Luis Orione, Pierino que tinha certeza que seria atendido, inexplicavelmente recupera a saúde e passa por novos exames, onde é diagnosticado que estava curado da doença. Foi um milagre, pois não conseguiram explicações em termos médicos.
Depois desse milagre, o papa João Paulo II, assinou o pedido feito por seus seguidores para que João Luis Orione, padre fundador da Pequena Obra da Divina Providência, fosse considerado santo. Em 16 de maio de 2004, o beato Dom Orione, foi considerado santo. São Luis Orione.
Lembrando que a santidade é conquistada pela vivência do Evangelho, isto é, colocando em prática a proposta de vida de Jesus, e esse chamado é para todos nós. E São Luis Orione obedeceu ao chamado de Deus, dando o seu sim.
Dois Santos, uma mensagem para a Itália e para o mundo
A história da Itália contemporânea recebeu uma contribuição notável do testemunho de padre Aníbal Maria Di Francia e de Dom Luís Orione, unidos pelo terremoto de Messina de 1908 e pela santidade. de padre Flavio Peloso Aníbal Maria Di Francia e Dom Luís Orione O que fez com que Dom Orione e padre Aníbal se encontrassem foi o terrível terremoto que, às 5h20 da manhã de 28 de dezembro de 1908, sacudindo a terra por 37 segundos, deixou cerca de 80 mil mortos entre os destroços das cidades italianas de Régio Calábria e Messina. Messina, atingida pelo terremoto de 1908 A unidade da Itália foi feita também por homens como Dom Orione, que funda uma congregação, deixa tudo, inclusive os preconceitos populares e sociológicos que alimentavam um absurdo racismo entre o Norte e o Sul, desce do Piemonte para a Sicília e, lá, permanece por três anos; sofre em sua pele os preconceitos que também estão presentes no mundo católico e no clero, mas ama aquele povo e dá um testemunho de fraternidade que permanecerá indelével. A unidade da Itália foi feita também por padre Aníbal Di Francia, que, por uma superior sintonia espiritual, estreita amizade com aquele “padre setentrional”, aconselha-o e o defende, mesmo ao custo de ser tratado como um estranho por seus próprios concidadãos, e, surpreendentemente, empresta uma enorme soma àquele pobre padre do norte, para que compre uma casa em Brá, naquela região do Piemonte que ainda era vista como usurpadora e aproveitadora na Sicília. Uma carta inédita do cÔnego Di Francia a Dom Orione I.M.I. Sava, 18.9.1909 Meu estimadíssimo P. Orione, Seu humilíssimo servo Um escrito de Dom Orione Os sicilianos, quando eu falava ao Papa [Pio X], tinham Santos autênticos. Havia um Santo: o Cônego Di Francia, que aqui esteve [em Tortona] e também em Vila Moffa, pregando os Exercícios Espirituais aos Sacerdotes e aos Clérigos. Trabalha-se agora em sua causa de Beatificação. |