A cidade sonhada por D. Helder
Pe Geovane Saraiva
A Carta aos Hebreus faz a seguinte afirmação: “Nós não temos aqui cidade permanente, estamos à procura da cidade que há de vir” (Hb 13,14). Hoje a grande maioria da humanidade mora em cidades. Daí o nosso olhar para a cidade, desejando tirar dela coisas belas, maravilhosas e positivas. O mundo é bom e as cidades são boas. Como seria bom se vivêssemos bem e em harmonia com este mundo, que Deus criou para nós, suas criaturas: “O que vos peço é que não tireis do mundo, mas livreis do mal” (Jo 17,15).
Dom Hélder Câmara leu, quando Arcebispo de Olinda e Recife, um conjunto de crônicas, no microfone da Rádio Olinda – PE, intituladas: “Um olhar sobre a cidade”. Trata-se de mensagens da melhor qualidade, mensagens ricas e profundas, como foi rica, profunda, intensa, preciosa e de ótima qualidade a vida desse homem de Deus, humano ao extremo, nascido na cidade de Fortaleza – Ceará.
Mensagens de amor e de esperança para o seu povo, sua gente muito querida, nas cidades de Olinda e Recife e também para todas as pessoas, porque ele era cidadão universal e sua palavra chegava ao mundo inteiro. Mensagens de um Pastor que soube amar a todos, mas, sobretudo, seu imenso amor à causa dos empobrecidos, os “sem voz e sem vez”.
Mensagens do Profeta que viveu bem nessa “cidade”, que não é permanente, mas com um grande desejo que todos compreendessem o sentido da vida neste mundo, voltando-se, é claro e evidente, para a outra vida, que a transcende, que vai muito além desta. Mensagens do “irmão dos pobres” que encarnou o Concílio Vaticano II, quando diz: “Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (cf. GS, 200).
Nós moramos numa cidade e por vontade do Criador e Pai, a exemplo do Apóstolo dos gentios, de Dom Hélder Câmara, de Charles de Foucauld, Francisco de Assis e de outros homens de Deus, sonhamos com a cidade do céu, a Jerusalém do Alto. Santo Agostinho, na sua obra, “A cidade de Deus”, nos afirma: “dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena, o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
Ao encerrar o centenário do grande peregrino da paz, que procurou ser fiel a Jesus Cristo, unindo o céu a terra, com os olhos, a mente e coração voltado para a cidade lá do alto, que com muita alegria estamos comemorando, de 07 de fevereiro de 2009 a 07 de fevereiro de 2010, produza os melhores frutos, para a maior glória de Deus e a felicidade de todos aqueles que sonham com a paz: “Se queres cultivar a paz, preserve a criação” (Bento XVI).