A diferença entre ser e [apenas] estar

“Embora seja difícil encontrar um original, é fácil reconhecê-lo.” – John L. Mason

Eu, você, todos nós conhecemos pessoas que estão professoras, advogadas, padres, cônjuges e vai por aí afora. É que um dia, por força das circunstâncias, desejo de terceiros ou sem serem previamente consultadas, assumiram para si a imposição de um destes lugares na sociedade – não faz muito tempo, dei aulas para uma jovem que se preparava para prestar um concurso público por imposição de sua mãe. Daí, pagam e nos obrigam a pagar um preço muito alto por isso. Tornamos-nos vítimas dessas escolhas compulsórias nas escolas, nos tribunais, nas igrejas, em casa, sempre que convivemos com pessoas que apenas estão, quando deveriam ser plenamente isso ou aquilo.

Se estão, como disse, certamente o fazem por conveniência ou para realizarem a vocação de outra pessoa. – “Eu não pude ser padre, mas meu filho vai ser”, diz o piedoso senhor, certo de que assim acelera a chegada do Reino entre nós. E dá-lhe Filosofia. E dá-lhe Teologia. E dá-lhe ordenação sacerdotal. E depois dessa maratona, que pode ser complementada por altos estudos em Roma, na Bélgica etc., o obediente rapaz se torna padre. Isso com o grave risco de, por um descuido da Igreja, futuramente ele ser sagrado bispo – aí as consequências são generosamente distribuídas para um grupo maior de pessoas, a diocese. O mesmo vale para qualquer outra profissão ou estado de vida.

Dia desses, acompanhando minha mãe em uma de suas visitas a um dos médicos que ela consulta regularmente, tomei um táxi dirigido por alguém que era taxista, não estava apenas taxista. Serviço perfeito. Atenção máxima e diferenciada aos passageiros. Simpatia. Por sua vez, o médico repetiu a dose na qualidade do atendimento. Tanto em um quanto em outro profissional, via-se que realizavam o que o teólogo Leonardo Boff chama de “opção fundamental”.

Do mesmo modo, quando vou à igreja, na Paróquia São Miguel Arcanjo, sinto que nosso vigário é ple-namente sacerdote, homem de e para Deus. Bem, uma vocação autêntica a gente reconhece de longe. Mas tudo bem, se você quiser perceber isso de perto, no caso do Pe. Julio, preste atenção no rosto dele quando celebra: você vai ver alguém apaixonado falando com ou daquele que é objeto de sua paixão, Jesus Cristo. Precisa mais? Não.

Rubens Marchioni – [email protected]

5 Comentários

  1. Octavio L. F. Leo
    jun 25, 2009 @ 08:50:26

    Rubens
    Parabéns pelo lindo texto. De fato somos todos privilegiados de ter um pastor como Pe. Julio. Quando o ouvimos e vemos, estamos testemunhando que Deus verdadeiramente é Amor e que a paixão de Jesus não foi em vão já que é encarnada por ele no seu dia a dia.
    Pe. Julio, receba esse texto como expressão de todos nós.

  2. Tatiana Capille Salles
    jun 25, 2009 @ 12:46:59

    O amor do Pe. Julio, por Jesus e pela grandiosa obra do Pai : o ser humado , foi o que conquistou à mim, meu marido e meus pais.

    As palavras de amor , bondade e fé saem de sua boca com doçura, como uma bela melodia, um voo perfeito de uma borboleta, um raio de luz , o desabrochar de uma flor. Seus olhos brilham de ternura, e suas atitudes são exemplo para cada um de nós.

    Por isso o amamos tanto !!!!

    Deus nos abençoa e nos presenteia com a presença dele na Terra.

    Rubens, realmente o texto é perfeito … e lindo ! E já pude fazer a mesma observação em relação ao amor , talento e boa vontade de fazer o melhor com que as pessoas empenham-se em suas funções.

  3. Deolinda C S Gomes
    jun 25, 2009 @ 14:10:55

    Rubens, ao ler o que escreveu nota-se que o fez com profunda sabedoria …Foi muito feliz em suas coloções. Observações estas que podemos dizer “é assim que o percebemos Padre Julio”…Deolinda.

  4. Sarah
    jun 25, 2009 @ 14:51:21

    Rubens, simplesmente vc relatou tudo o que sentimos em relação a este que realmente dá sua vida pelos seus irmãos!!! Parabéns a vc, ao Pde Julio, e obrigado a Deus por nos ter escolhido para sermos seu rebanho.

  5. carlos Alberto Beatriz
    jun 25, 2009 @ 19:41:32

    Marchioni, há efetiva diferença entre “ser” e “estar”. Há diferença entre “falar” e “fazer”. Há diferença entre o “bem” e o “mal”. Há diferença entre o “amor” e o “ódio”. Você cuidou bem dessa reflexão, que agora chegará para tantos na Internet, dando oportunidade de pensar e escolher o bom caminho. O Padre Julio, aliás, exterioriza sua opção de vida.
    Carlos