A Existência de Deus
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald*

É o filósofo francês Jean-Paul Sartre quem aponta tal fator mediante o seguinte raciocínio exposto em “L’Existentialisme est um humanisme?” ( O Existencialismo é um humanismo?) em 1948. Os pensadores positivistas, no século passado, declararam a não existência de Deus. Não obstante, estimularam a ética rigorosa do respeito ao semelhante, da prática da honestidade, da sinceridade, da veracidade etc. Observa Sarte: “tal posição é insustentável; porque se Deus não existe, não há autoridade habilitada a me impor tal ou tal comportamento. Com efeito, em nome de quem um homem, igual a mim, pode impor-me normas às quais eu devo obedecer reverentemente?”.
Sarte cita então o pensador russo Dostoievski, que dizia: “Se Deus não existe tudo é permitido”. Sarte julga que a posição de Dostoievski é mais lógica do que a dos positivistas, e adota-a como sua. Querer defender uma ética normativa sem Deus, ou seja, baseada unicamente nos valores humanos, parece a Sarte artificial e inconsistente. A escola estruturalista mais recente comprovou esta conclusão; na verdade a “morte de Deus” acarretou a “morte do homem”. Com efeito, como salvaguardar o que há de respeitável, de intocável ou de sagrado no homem, se Deus não existe?
A grande pergunta que o homem contemporâneo formula a si é sobre o sentido da vida. Não há quem não procure uma justificativa para o trabalho, para a luta e para todo sofrimento que afeta nossas vidas. É exatamente a existência de Deus que fundamenta o valor do ser humano, (feito “à imagem e semelhança de Deus”) e explica os objetivos e a finalidade da vida. Houve quem considerasse Deus como, rival do homem ou um produto imaginário da mente do homem ignorante e amedrontado. Tais pensadores realmente nunca descobriram Deus, e escreveram tão somente na base de caricaturas e deformações dos conceitos de Deus e de religião. A existência de Deus é que leva cada um a respeitar o seu semelhante, ainda que isto lhe custe autodisciplina ou até grande renúncia.
Somos todos filhos e filhas do mesmo Pai. Negar a existência de Deus, como muitos fazem hoje em dia, é obrigar o homem a criar novos ídolos e novas místicas. O dinheiro e o “ter” são alguns dos novos ídolos e nosso tempo. O esoterismo e as inúmeras seitas que aparecem diariamente são exemplos das novas místicas. Ensinar novamente a “Lei de Cristo”, que é uma lei de amor, de perdão, de respeito mútuo, de compreensão, de solidariedade e de diálogo, talvez produzisse melhores resultados contra o mal em nossos dias. Deus existe e está presente e atuante no mundo, só nos falta aplicar seu mandamento maior: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”.
*É Missionário Redentorista e assessor da CNBB Regional NE1.
Postado por Paróquia de Santo Afonso