A liturgia é fonte da graça de Deus
Dom Edmar Peron
Encontramos na Constituição do Concílio Vaticano II, sobre a sagrada liturgia, Sacrosanctum Concilium, a compreensão de que a liturgia em geral – particularmente a celebração eucarística – é uma fonte da graça de Deus, que jorra sobre nós e que nos dá a possibilidade de alcançarmos eficazmente a santidade e, ao mesmo tempo, a glória de Deus (SC 10). Assim, a liturgia foi recolocada como a fonte espiritual da qual todos podemos nos aproximar e deixar que Deus sacie a nossa sede, como aconteceu com a samaritana (Jo 4,1-42). Mas, é preciso que cada pessoa se aproxime dessa fonte e dela beba “consciente, ativa e frutuosamente” (SC 11). Isso exige formação de todo o Povo de Deus e, nele, especialmente dos ministros ordenados (SC 14). Assim, seguindo o ano litúrgico e os textos e ritos de nossa liturgia, quero percorrer com vocês um caminho espiritual e, com vocês, beber dessa fonte divina.
Uma primeira disposição de fé, exigida de quem participa da sagrada liturgia, é formar a comunidade, integrar, fazer parte da assembleia reunida para celebrar o mistério pascal de Jesus Cristo: “As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é «sacramento de unidade», isto é, Povo santo reunido e ordenado sob a direção dos Bispos (São Cipriano). Por isso, tais ações pertencem a todo o Corpo da Igreja, manifestam-no, atingindo, porém, cada um dos membros de modo diverso, segundo a variedade de estados, funções e participação atual” (SC 26). Assim, compreendemos que a participação litúrgica não é um ato de devoção pessoal, como se cada pessoa pudesse agir independentemente dos outros irmãos e irmãs. “Eu gosto de participar de joelhos”… “Eu gosto de ficar sentado o tempo todo”… “Eu gosto de…”, tais expressões muito presentes em nossas comunidades exigem de todos nós conversão!
A esse respeito a Instrução Geral do Missal Romano – IGMR 42 – nos ensina que “os gestos e posições do corpo […] que todos os participantes devem observar é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes”. Esses gestos e posições não dependem do gosto pessoal dos participantes, fiel leigo ou ministro ordenado, mas devem respeitar as “diretrizes” da Instrução Geral do Missal Romano e da “prática tradicional do Rito romano”; desse modo todos contribuirão “para o bem comum espiritual do povo de Deus”.
Para nos auxiliar em nosso caminho de conversão – ser Igreja, “sacramento de unidade” – lembremo-nos de que o Senhor está no meio de nós: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles (Mt 18,22).