Carta aos movimentos sociais, redes não governamentais e aos intelectuais
Tradução: Agência Adital
Carta do sacerdote e teólogo belga aos movimentos sociais, denunciando a perversão do sistema capitalista mundial, principalmente dos países integrantes do G-20.
Nova York, 09.04.2009
Através dessas linhas, enviamos-lhes um chamado. Diante da situação de crise sistêmica e global, sem consultar a maioria dos países, o G-20 apresentou uma serie de medidas. Por outro lado, não abordou de maneira aprofundada os problemas criados pelo conjunto das crises: alimentar, energética, climática e social e sua aplicação tem sido confiada aos mesmos organismos que tem figurado entre os principais artesãos do impasse atual. No entanto, a situação continua agravando-se e todos os países são concernidos.
Por essa razão, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Miguel D’Escoto, convocou, nos dias 1º, 2 e 3 de junho próximo uma Conferência de 192 chefes de Estado e de Governo. No entanto, fortes pressões são exercidas, especialmente por certos países do G-20, para que estes últimos façam-se representar simplesmente por ministros ou embaixadores. Temos que exercer pressão em cada país para que a participação se realize no mais alto nível. O que está em risco é o futuro da humanidade e do planeta.
Trata-se de desencadear um processo a longo prazo; porém, sem tardar, de maneira que permita ultrapassar as regulações, para desembocar em alternativas. Isso exige um compromisso de todas as forças sociais, morais e intelectuais de cada país, começando por uma pressão sobre os dirigentes do planeta, para que participem da Conferência de junho. É somente um primeiro passo de um processo; porém, é importante.
Vocês poderiam alertar a opinião pública, através de atos públicos, declarações, entrevistas e artigos nos meios de informação e enviar cartas coletivas e pessoais às autoridades de seus respectivos países, a fim de que a Conferência dos 192 seja considerada? Sua participação é muito importante.
Atenciosamente,
François Houtart
Presidente do Conselho Administrativo do Centro Tricontinental (Lovaina a Nova). Secretário Executivo do Fórum Mundial de Alternativas. Representante do Presidente da Assembleia Geral da ONU pela Reforma do Sistema Financeiro e Monetário.