Com a palavra, a ação
Com a palavra, a ação
“Tente explicar o prazer de esquiar a um sujeito que viveu a vida inteira no deserto.” – Michael Michalko
Ser Igreja transformadora é ser capaz de se envolver com o ser humano em todas as suas dimensões, a terrena e a espiritual. Provocar mudanças na sociedade para que ela se pareça cada vez mais com o sonho de reinado de Deus proposto por Jesus. Aí então, o apelo se concentra muito mais em que haja testemunho eficaz do que discurso vazio, ainda que sua elaboração sofisticada o coloque entre os ganhadores do Prêmio Nobel.
Tudo bem, nós temos uma religião que está escrita – são nada menos que setenta e dois livros, Antigo e Novo Testamento, reunidos num só, a Bíblia. E é lá, naquele extenso mapa, construído ao longo de séculos de oração e experiência prática, que vamos buscar a direção para a nossa caminhada. Mas ninguém se sente em Copacabana apenas porque em algum momento deu de cara com uma placa apontando na direção do Rio de Janeiro. Assim como ninguém é cristão simplesmente porque acumula horas e mais horas de leituras bíblicas – ao contrário das empresas aéreas, Deus não adota nenhum programa de milhagem. A propósito, dia desses li algo que agora me ajuda a completar este pensamento: dizia o autor que ninguém se transforma num carro apenas porque fica horas e horas na garagem.
Não sou exegeta, especialista em Sagrada Escritura. Mas sei de nomes como o do competentíssimo Luís Alonso Schökel [Bíblia do Peregrino – Paulus], que já substituem a expressão “Reino de Deus”, vista como um local específico e estático, por outra tão mais precisa quanto dinâmica e comprometedora, “reinado de Deus”, isto é, o senhorio Dele manifestando-se em todos os lugares e dimensões, primeiro pela ação de Jesus e depois pelo comprometimento dos batizados. Ora, comprometer-se é testemunhar. E isso é muito mais do que apenas ensinar, transferir conhecimentos. Comprometer-se é agir de tal forma que provoque atitudes capazes de levar também à prática. Porque só ela transforma e atualiza o sonho de Cristo. Detalhe: se este sonho não se tornar realidade, nossa realidade certamente se converterá num enorme e infindável pesadelo. Mãos à obra, eis a grande lição.
Rubens Marchioni – [email protected]