Crescer na Fé, caminhando à luz do Concílio Vaticano II
+ Edmar Peron*
“Alegra-se a Mãe Igreja, porque, por singular dom da Providência divina, amanheceu o dia tão ansiosamente esperado em que solenemente se inaugura o Concílio Ecumênico Vaticano II, aqui, junto do túmulo de São Pedro, com a proteção da Santíssima Virgem”. Com essas palavras, o Papa João XXIII dava início ao evento que marcaria para sempre a vida da Igreja: o Concílio Ecumênico Vaticano II. Era o dia 11 de outubro de 1962, e o Papa tinha convicção de que o Concílio por ele convocado e que naquele momento tinha início, não era obra sua, mas uma ação de Deus, inspirada pelo Espírito Santo.
A alegria enchia também o coração do Papa Paulo VI – sucessor do Papa “Bom”, João XXIII – ao promulgar o primeiro fruto conciliar, a Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, no dia 04 de dezembro de 1963: “Exulta o nosso espírito com este resultado. Vemos que se respeitou a escala dos valores e dos deveres: Deus em primeiro lugar; a oração, a nossa obrigação primeira; a Liturgia, fonte primeira da vida divina que nos é comunicada, primeira escola de nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos oferecer ao povo cristão que junto a nós crê e ora; o primeiro convite dirigido ao mundo para que solte a sua língua muda em oração feliz e autêntica e sinta a inefável força regeneradora, ao cantar conosco os divinos louvores e as esperanças humanas, por Cristo, Senhor nosso e no Espírito Santo”.
Contudo, recentemente, o Papa Francisco, em homilia, recordava que o Concílio Vaticano II, “bonita obra do Espírito Santo”, ainda sofre resistência. Não bastam as comemorações, pois, transcorridos cinquenta anos, ainda não “fizemos tudo o que nos disse o Espírito Santo no Concílio”; nos preocupamos, sobretudo, que o Concílio “não incomode. Não queremos mudar. Aliás: há vozes que gostariam de voltar para trás. Isto chama-se ser teimoso, chama-se querer domesticar o Espírito Santo, chama-se tornar-se insensatos e lentos de coração”, conforme o texto dos Atos dos Apóstolos, 7,51–8,1a, proclamado na liturgia daquele dia 16 de abril.
Desse modo, reconheçamos que o Concílio, tendo concluído os seus trabalhos no dia 8 de dezembro de 1965, tem muito ainda para ser acolhido, assumido e colocado em prática. Agora, é a nossa vez, irmãos e irmãs!
*Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Belém