D. Pedro Stringhini: “assustaria a ideia de colocar menores num sistema prisional falido”
O bispo responsável na CNBB pelas pastorais sociais considera que “assustaria” a ideia de colocar menores de 18 anos junto com os adultos, por meio da redução da maioridade penal, num “sistema prisional falido”.
Dom Pedro Stringhini, bispo auxiliar de São Paulo, afirmou hoje em Itaici (Indaiatuba, São Paulo), que a Igreja Católica e diversas outras entidades que trabalham diretamente com jovens, sejam infratores ou não, são contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, uma proposta que é discutida no Congresso. A CNBB prepara uma nota para esclarecer sua posição contrária à mudança na lei.
Segundo o bispo, “sem fugir da gravidade da questão dos delitos praticados por adolescentes”, “não é pela redução da maioridade penal que se resolverá o problema da violência”. Dom Pedro indicou que se invista em políticas públicas a favor dos adolescentes e das famílias.
“Há delitos graves” –reconheceu–, “no entanto, é bom lembrar que esses delitos são em número muito mais reduzido do que aqueles praticados pelos maiores”.
“Por isso, assustaria a ideia de colocar menores de 18 anos inseridos num sistema prisional muito complexo, com uma população muito grande, falido”, sublinhou.
Segundo o bispo, no Brasil há 400 mil detentos, sendo 150 mil no Estado de São Paulo. A Igreja atua diretamente na ação social junto aos detentos, por meio da pastoral carcerária.
Dom Pedro assinalou que o Estado deveria priorizar o investimento em medidas sócio-educativas, corretivas, preventivas, com o objetivo de coibir o crime. “Sobretudo a melhoria na educação e o apoio às famílias”.
O bispo citou o problema do tráfico de drogas como um ponto fundamental na problemática. “É por aí que grande parte desses menores são aliciados”, disse. Políticas contra a entrada e circulação de armas ilícitas no país e o tráfico de drogas “responderiam muito mais eficazmente no combate à criminalidade”.
Dos 24 milhões de adolescentes do Brasil, 0,12% envolvem-se na criminalidade, de acordo com Dom Pedro. “Claro que se tratando da violência já é bastante”, mas é um número “muito menor” do que a porcentagem que envolve os adultos.
Deolinda C. S. Gomes
abr 25, 2009 @ 23:35:31
Reduzir a maioridade penal, tecla constantemente acionada…porém, o combate as verdadeiras causas da criminalidade está sendo esquecido. D. Pedro, em Itaici, mencionou pontos importantes para que não se perca o foco da questão…Investir na melhoria de vida das pessoas em educação, saúde, moradia digna são de fundamental importância, para que assim as crianças, os adolescentes,os jovens e suas familias possam ter VIDA PLENA…
Teresa Norma Tadeu Castellani
abr 26, 2009 @ 23:56:45
Eu não entendo como pessoas que estudam Direito, Sociologia e nossos politicos podem aceitar idéias tão simplista como essa, a de diminuir a maioridade penal. Essa forma de querer resolver a questão é mais uma vez esconde-los em prisões e virarmos as costas de novo. Quando iremos enxergar que medidas como diminuir a maioridade penal não ataca a causa da doença. A violencia é uma doença que foi originada quando viramos as costas para uma parte da sociedade que não conseguiu progredir porque nao teve oportunidades. Não estou falando só de jovens em favelas porque nao podemos esquecer que muitos delitos são cometidos por jovens de classe média que por sua vez tiveram oportunidades materiais, mas nao tiveram as oportunidades de carater, de afeto, ou da palavra não. Eu nao sei como resolver o problema mas com certeza terá que ser resolvido atacando a causa, foram muitos anos para a doença se desenvolver e se manifestar então serão tantos outros anos para cura-la e não escondendo o sol com a peneira e fingindo que prendendo todo mundo mais cedo o problema está resolvido