Eis que Ele vem
Jaime Carlos Patias, imc
Celebrar uma vez mais o Natal é recordar que a Boa Nova é anunciada de geração em geração. Acreditando que o Senhor está no meio de nós e que Ele vem sempre de novo, expressamos ao mesmo tempo uma realidade e um desejo de que teremos um mundo melhor em algum momento da história. Resgatamos um fato histórico para revivê-lo no presente, permitindo que ele fortaleça a caminhada rumo ao futuro. Sabemos que podemos celebrar o Natal de diferentes modos e com distintas motivações. O seu sentido mais profundo e original consiste em reconhecer o menino de Belém, como a Luz das nações, o portador de um projeto de vida em abundância para todas as culturas, povos e pessoas.
Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada no contexto da Segunda Guerra Mundial. No artigo 1º, lemos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Mais que uma realidade, essa afirmação é uma grande aspiração da humanidade que dá sentido e razão à sua existência. Contudo, analisando a sociedade contemporânea, logo percebemos que ela é marcada por gritantes desigualdades, injustiças e formas de exclusão. Este quadro não é de hoje. Aliás, o próprio Jesus experimentou situações semelhantes do seu nascimento à sua morte.
Ao longo do ano tivemos a oportunidade de mergulhar nas mais diversas realidades deste mundo plural. Os meios de comunicação são como um “areópago”, um fórum de intercâmbio de ideias e de informações, aproximando pessoas e grupos, promovendo a cooperação, a solidariedade e a paz. Quando destacamos matérias sobre direitos humanos, cidadania, fé e política, justiça e paz e integridade da criação, fóruns e movimentos sociais, diálogo, cultura e esperança dos povos, estamos em plena sintonia com o espírito missionário da Igreja que anuncia Jesus Cristo, como a Boa Nova na vida dos povos. Evangelização e promoção da vida se entrelaçam para garantir o futuro da humanidade, integrando fé e vida. “Um outro mundo é possível”, na ótica cristã, nada mais é que o Projeto de Deus anunciado por Jesus, atualizado na missão dos seus seguidores.
Natal é um acontecimento e uma espiritualidade, um jeito de viver que evoca à liberdade contra toda forma de opressão; a igualdade contra todas as discriminações e mecanismos de exclusão; a dignidade contra toda exploração e escravidão; a fraternidade contra toda indiferença; a paz contra todas as expressões de violência; o cuidado com a natureza contra toda atitude de dominação e destruição. É precisamente no espírito do Natal de Jesus que alimentamos nossa esperança para entrar com confiança no novo ano.