Eles beberam do mesmo cálice
Pe. Geovane Saraiva
Pedro e Paulo, duas pessoas profundamente amadas por Deus, que no decorrer dos séculos, marcaram e personificaram a Igreja, de um modo ininterrupto, em toda sua história, compreendo de imediato, que o Reino de Deus, anunciado por Jesus tem uma característica bem definida e própria: o serviço e a caridade para com os irmãos. A ilusão do poder messiânico, de um Jesus conquistador e guerreiro, que logo iria restaurar o poder temporal em Israel, com certeza, não foi uma preocupação deles.
São Pedro e São Paulo, homens que fundaram a Igreja primitiva, tendo por base o resto, a herança do povo Israel. O martírio destes dois grandes apóstolos e amigos de Nosso Senhor Jesus Cristo se deu em Roma, pelo ano de 67. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, julgando-se indigno de morrer como o seu Mestre. Já Paulo que “combateu o bom combate, terminou sua corrida e guardou a fé” (2Tm 4), foi preso e depois decapitado. Portanto, um morreu pela cruz e o outro pela a espada.
Pedro foi escolhido por Cristo como fundamento do edifício eclesial, como portador das chaves do Reino dos céus (Mt 16, 19), pastor do rebanho santo, com a missão de confirmar os irmãos na fé, e também, de ser sinal visível de unidade, na comunhão, na fé e na caridade. Conviveu com o Mestre e fez parte do colégio dos apóstolos, testemunhando com os próprios olhos a vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, e confessando: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Recebendo, da parte de Jesus, um grande elogio: “Feliz és tu, Simão, porque não foi à carne nem o sangue que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16, 16-17).
Pedro nos recorda a Igreja Instituição, com o poder de Deus que ele recebeu, de ficar à frente de exigente e fascinante missão de dar continuidade, com dignidade e responsabilidade, o trabalho de santificar, ensinar e governar o rebanho do Senhor.
Paulo, missionário por excelência, não conviveu pessoalmente com o Mestre. No início, de perseguidor ferrenho da Igreja e dos cristãos, abraçou a fé na viagem de Damasco e se transformou totalmente, testemunhando a partir de então, que Jesus Cristo é o enviado do Pai. A sua missão agora e de ser instrumento para levar o nome de Deus a todos os povos da terra (cf. At 9, 15). A evangelização e a pregação não se separam da vida do mestre e doutor das nações, o maior missionário de todos os tempos; tornando-se advogado dos pagãos e apóstolo dos gentios.
O seu encontro com o Filho de Deus foi algo maravilhoso! Mudou por completo a sua vida, a ponto de suportar tudo por causa do Reino, agradando e sendo sempre fiel ao seu Mestre e Senhor, vivendo o que anunciava, dizendo com humildade e coração aberto: “Pela graça de Deus, sou o que sou (…)”.
Paulo nos lembra o anúncio do Evangelho, os carismas, os dons e a missão das comunidades que abraçam a fé. Anunciar a boa nova do Senhor Jesus Cristo, foi para ele um exigência. Por isso mesmo está disposto a tudo, até a sua própria vida por causa do Evangelho. “Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da libertação se aproxima” (2Tm 4, 6).
Pedro e Paulo receberam do próprio do Filho de Deus a fascinante missão de fazer acontecer a Igreja no seu início e a regaram com o próprio sangue. Eles beberam do mesmo cálice e tornaram-se assim grandes amigos de Deus. A exigente missão de beber do mesmo cálice que eles beberam e de confirmar os irmãos na fé é confiada ao Papa Bento XVI. Que a nossa oração suba aos céus na intenção da Igreja inteira de todas as pessoas de fé, que ajudam, nos nossos dias, a construir o Reino de Deus.