Espiritualidade pascal: um povo santo
Dom Edmar Peron
A espiritualidade do tempo pascal quer gerar mulheres e homens santos: um povo santo! O Batismo já nos fez participar sacramentalmente da vida nova, dom de Deus; no entanto, ela precisa manifestar-se em nós a cada dia. Como nos ensina o Apóstolo Paulo, fomos batizados em Cristo Jesus, batizados em sua morte, para que “assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6,4). É isso, somos chamados a viver uma vida nova. Testemunhas dessa vida são os santos e as santas, homens e mulheres que ouviram a voz do Bom Pastor e o seguiram; cristãos de ontem e de hoje que buscaram com grande empenho, “as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1-4). Vários deles são comemorados ao longo do tempo da Páscoa, dentre os quais quero destacar alguns.
Em primeiro lugar, Maria, aclamada por Isabel como “Mãe do Senhor” (31/05), e José, seu esposo, o Operário de Nazaré (1º/05). Depois: Filipe e Tiago (03/05), e Barnabé (14/05), Apóstolos do Senhor; Rita de Cássia, a santa que tornou possível o que todos consideravam impossível, experimentando em sua própria vida, especialmente nos momentos mais difíceis, o quanto Deus é bom (século 15 – 22/05); Catarina de Sena, doutora da Igreja, que uniu à profundidade da vida contemplativa uma incansável atividade missionária, sendo mensageira da paz (século 14 – 29/04); Filipe Neri, padre dedicado à evangelização da juventude, que difundia alegria por onde passava, fruto de sua união com Deus e de seu bom humor (século 16 – 26/05); Carlos Lwanga e seus 21 Companheiros, jovens mártires africanos, testemunhas da fidelidade a Cristo, em meio aos mais terríveis tormentos: o próprio Carlos foi queimado vivo (século 19 – 03/06); João XXIII e João Paulo II, inscritos na lista, isto é, no cânon dos santos no dia 27 de abril: “Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas [do Senhor]; mais forte era a proximidade materna de Maria” (Papa Francisco, na homilia da canonização). Por fim, você pode certamente continuar a lista com pessoas que conhece, as quais são hoje, gente santa, testemunhas de Cristo, que por nós morreu, foi sepultado e ressuscitou dos mortos, “conforme as escrituras” (1Cor 15,3-5a).
Podemos, pois, afirmar com toda segurança: somos todos chamados à santidade, como nos ensina o capítulo 5, da Lumen Gentium, Constituição Dogmática sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis se santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da própria vida e através de todas elas […], manifestando a todos, na própria atividade temporal, a caridade com que Deus amou o mundo” (41).
“Esta é, pois, a vontade de Deus: a santificação de vocês” (1Ts 4,3).