Eternidade: Deus e o Homem
Pe. Geovane Saraiva
O nascimento de Jesus, no dia 25 de dezembro, é uma data solene no calendário civil e na liturgia da Igreja, que marca e sensibiliza o interior das pessoas de boa vontade, até mesmo os irmãos e irmãs que não têm na mente e no coração as propostas oferecidas e anunciadas pelo Filho de Deus, através da Igreja. “Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz” (Sl 2, 7).
Render graças a Deus Pai pelo nascimento de seu Filho, Jesus, que nos ensina a ter um coração grande, bom e alegre, a viver e a gostar de viver, a rejeitar o mal e alimentar-nos de sonhos e utopias, é entrar e conhecer em profundidade o mistério da generosidade do Senhor Jesus, que por nossa causa se fez pobre, embora fosse rico, para nos enriquecer com sua pobreza (cf. 2Cr 8, 9).
Jesus entra no mundo, com a missão de revelar o rosto do Pai e fazer a sua vontade, desejando que os seres humanos vivam a vida de irmãos, evidenciando-se claramente sua presença entre nós, na medida em que a nossa convivência se torna mais enriquecida pelos laços fraternos. – “Eis que já veio a plenitude dos tempos, em que Deus enviou o seu Filho ao mundo” (Gl 4, 4).
Ao encarnar-se, Jesus quis fazer uma coisa: salvar-nos. Ele desce do céu e chega à terra para nos ajudar na preparação e organização de uma nova sociedade, um novo mundo, que podemos chamar de reino de Deus. É a glória de Deus que se manifesta numa criança pobre e humilde, que vem como amigo e irmão, para revelar o rosto do Pai, ensinando-nos um novo modo de nos comportar e viver. “O verbo se fez carne, e vimos a sua glória” (Jo 1, 14).
No mundo de hoje sempre mais constatamos sinais de progresso, com avanços e triunfos da criatura humana no campo científico e tecnológico. São conquistas e glórias de todos os lados! Que maravilha a inteligência humana, cada vez mais criativa e iluminada! Mas será que na mesma proporção e intensidade, o amor e a solidariedade, vêm se revelando e se manifestando?
Infelizmente a humanidade ainda não percebeu que existe um manual a orientar seus passos no caminho da misericórdia, da fraternidade e da reconciliação universal, tendo como critério, a própria vida colocada como serviço de amor, que constrói um mundo, em que aflore a verdade e a justiça, tão profeticamente anunciado pelo Profeta Isaías, ao afirmar: “Então o lobo morará com o cordeiro e o leopardo deitar-se-á com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o novilho gordo andarão juntos e meninos pequenos os guiarão…” (Is 11, 6-9).
Celebramos o grande encontro de Deus com a humanidade, no desejo de que o nosso empenho seja de acontecer o encontro dos homens entre si, aprendendo o ideal de fraternidade, por meio de uma criança, que assume a natureza humana em toda sua plenitude. Eis o que afirma Santo Agostinho: “Que graça maior pode fazer-nos Deus? Tendo um Filho único, o fez Filho do Homem para que o Filho do Homem se fizesse Filho de Deus. Procura qual é tua justiça e observa se podes outra coisa encontrar senão a graça.
O caminho está aberto para que as lágrimas dos seres humanos se transformem em sorrisos, as cruzes em realizações e que a justiça vença as desigualdades, na certeza de que, “no momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Missal Romano, pg. 412). Somos, portanto, convidados a realizar o grande sonho do Pai, em Isaías, ofertando ao mundo, generosos passos e ensaios, no caminho da confraternização universal.