Evangelização e conversão
Dom Luiz C. Eccel
Jesus enviou seus seguidores dizendo: “Ide e evangelizai”…
Evangelizar é fazer e ensinar tudo o que Jesus fez e ensinou. Creio que esta é a melhor definição de evangelizar.
Uma pessoa é evangelizada quando se deixou converter e encantar pela pessoa de Jesus. Isso se torna perceptível, sobretudo, pela mudança de mentalidade, que se reflete na maneira de ser e de agir.
Posso até saber o evangelho de cor e, no entanto não estar evangelizado. Não basta conhecer Jesus e nem basta crer. O diabo conhece e crê em Jesus: “que queres de nós; vieste para nos arruinar? Sei quem tu és: O Santo de Deus!”. O diabo crê, mas faz o contrário daquilo que o Senhor quer de nós, por isso é diabo.
Também não basta ir à igreja para provar que somos cristãos. Albert Schweitzer dizia: “Ir à igreja não te faz cristão, assim como ficar parado num estacionamento não te torna um carro”.
Antes de ir à igreja é preciso ser Igreja, fazer parte do Povo de Deus, vivendo como Jesus viveu, buscando a libertação e a salvação.
A pessoa convertida é Igreja e por isso sente necessidade de ir à igreja para, juntamente com os irmãos(ãs) de fé, se alimentar da Palavra e da Eucaristia, sobretudo.
A pessoa evangelizada é consciente de sua transitoriedade neste mundo. E, enquanto está nele, procura torná-lo melhor fazendo o bem, a exemplo do nosso Mestre e Senhor. Toda evangelização que não leva a um compromisso com a construção de uma sociedade justa e igualitária é falsa.
A pessoa convertida é humilde, tolerante com outros; propõe e não impõe, como o publicano do evangelho, de quem Jesus ouve a prece. O publicano representa os pequenos que pedem misericórdia por seus pecados. A pessoa que pensa que é convertida, na verdade é autoritária, dona da verdade, intolerante, se acha perfeita e justa, como o fariseu do evangelho, de quem Jesus não ouve a prece. Os fariseus representam os falsos cristãos, que esperam recompensas por suas vanglórias. Vê o cisco no olho do irmão e não vê a trave que está no seu. (cf. Lc 18,9ss). A pessoa convertida tem convicções, e a que pensa estar evangelizada, tem obsessões e precisa de acompanhamento psicológico.
Posso ter todos os meios de comunicação social ao meu dispor e, no entanto, não evangelizar. Posso utilizar as câmeras e microfones para me promover ou promover projetos de outros que vão beneficiar a mim próprio e a poucas pessoas, enganando a mim mesmo e aos menos avisados.
É preciso ter clareza de que, evangelizar não significa dar água com açúcar. É fazer acontecer o Projeto de Deus, que exige mudança da mente e do coração, e das estruturas políticas e sociais injustas, para que todos possam viver dignamente, antecipando o céu na terra, como rezamos na oração do Pai nosso.
A evangelização acontece verdadeiramente, quando nos convertemos à fraternidade, que terá sua consumação na eternidade.
Dai-nos, Senhor, a graça de uma verdadeira conversão, para que possamos evangelizar humildemente com nossa vida,com nossa maneira de ser agir,como Vós, Senhor. Amém.