Guerra legítima
Pe Geovane Saraiva
A Quaresma tem seu inicio na Quarta-feira de Cinzas. É um tempo forte, que nos favorece a conversão do coração (cf. 2Cr 6, 2) e nos prepara para a Páscoa do Senhor Jesus. É um momento importante para pensarmos na nossa caminhada de fé.
Cada ano, desde 1964, na Quaresma, a Igreja lança a Campanha da Fraternidade com a finalidade de ensinar-nos que é necessário interiorizar a observância quaresmal através de certas práticas exteriores. Concretamente, ela é o tempo próprio para nossa conversão em relação a Deus e a nossos irmãos.
Este ano de 2009, a Campanha da Fraternidade, coloca para reflexão dos cristãos de todo Brasil o tema: “Fraternidade e segurança pública” e o lema: “A paz é fruto da Justiça” (Is 32, 17). Dom Helder já dizia: “A única guerra legítima é a guerra contra a miséria”. Parece que a grande guerra, atualmente, no Brasil, que já matou mais gente do que a guerra do Iraque é a da insegurança, a da violência e a do medo. Vivemos em meio a tudo isso.
Toda sociedade é convocada a refletir sobre segurança pública, com o objetivo de encontrar soluções para que se estabeleçam as condições de paz. A nossa arma, nesta guerra, deve ser a do amor e da vivência da Palavra de Deus, para que, aos poucos, reine, em nosso mundo, uma nova cultura: a da paz, tão desejada por Deus.
O Domingo de Ramos é a comemoração da entrada triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém onde é aclamado Rei (cf. Mc 11, 1-10). É também um dia de profunda reflexão, porque Ele, com um gesto maior, aceitou morrer na cruz para nos salvar. A Igreja escolheu esse dia para que nós, olhando para o gesto concreto do Filho de Deus, compreendamos, verdadeiramente, que a paz é fruto da justiça. É dia de pensar se estamos ou não do lado da mensagem do Evangelho, proposta pela Igreja do Brasil.
Que o tempo sagrado da Quaresma, rico e precioso, desperte em nós, povo de Deus, e na Paróquia de Santo Afonso a consciência de que somos chamados à conversão e que ela se concretize não somente quando damos esmola, ou quando jejuamos, ou quando rezamos, mas especialmente quando aprendemos, com o nosso coração voltado para Deus, a dizer: “Perdão pela violência e pelo ódio que geram medo e insegurança. Que a tua graça venha até nós e transforme nosso coração” (cf. Oração da CF).