Inclusão: Pastoral incentiva a participação de surdos na Igreja e na sociedade
No Brasil, estima-se que existam cerca de 5,4 milhões de pessoas com problemas de surdez. Adotar iniciativas que culminem na inclusão social dessas pessoas é um caminho, às vezes árduo, mas que vem apresentando alguns resultados. É com esse sentimento que a Igreja, através de suas ações, vem atuando junto a esta população.
A Pastoral dos Surdos que, atualmente está presente em todas as regiões do País, vem trabalhando intensamente para obter tais resultados. Hoje, já existem missas direcionadas a este público e pessoas surdas também podem fazer o rito. No Brasil, a Pastoral começou a se formar no início dos anos 1950, com uma parceria entre padre Eugênio Oates, religioso norte-americano, e Monsenhor Vicente Penido Burnier, primeiro sacerdote surdo do Brasil e segundo do mundo.
De acordo com o secretário nacional da Pastoral, professor César Bacchim, os dois religiosos realizaram trabalhos pioneiros em algumas comunidades do País. Entretanto, somente no início da década de 1990 é que a Pastoral fica mais estruturada. “Hoje o trabalho é mais articulado”, comenta.
Segundo Bacchim, a Pastoral está presente em 200 comunidades espalhadas em quase todos os estados brasileiros. Ele explica que, apesar de existir uma Coordenação Nacional, a Pastoral é divida em Regionais – divisão semelhante à da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dessa forma, cada Regional desenvolve trabalhos independentes, de acordo com a realidade de cada local: “cada Regional é uma pouco autônoma”, afirma.
Dentre os trabalhos realizados, destacam-se os encontros de formação, as missas, os grupos de surdos e a catequese. Além disso, a Pastoral realiza ações junto com a Coordenação dos Intérpretes, como cursos e encontros.
Para aprofundar as questões da evangelização dos surdos e dos desafios da Pastoral acontecerá, no próximo ano, em Feira de Santana, na Bahia, o XV Encontro Nacional da Pastoral dos Surdos (Enapas) e o V Encontro Nacional dos Intérpretes Católicos (Encicat). Segundo Bacchin, os temas ainda estão em processo de decisão, mas já estão sendo esperadas entre 150 e 180 pessoas.
Bacchin comenta que a Pastoral sempre tenta aproximar as discussões da realidade com as questões relacionadas aos surdos. Na Campanha da Fraternidade, por exemplo, os grupos debatem o tema de acordo com a realidade vivida pelos surdos. Além disso, todos os anos, a Coordenação Nacional sugere uma temática para ser trabalhada com os participantes. Neste ano, o professor afirma que o tema escolhido foi: “Os surdos e a evangelização”.
Para Bacchin, os surdos, aos poucos, já estão conseguindo conquistar espaço. O secretário considera que o preconceito é algo que, aos poucos, está diminuindo. “Em geral, me parece que a sociedade brasileira cresceu em relação a isso”, opina.
Para ele, o fato de propagandas políticas já virem com legendas ou com intérpretes é um grande avanço. Entretanto, Bacchim esclarece que ainda é necessária uma inclusão nas escolas. Ele comenta que é importante que as escolas estejam prontas e adaptadas para receber o surdo e não apenas colocá-los em sala de aula sem nenhum amparo.
Em relação à Igreja, o secretário afirma que a luta se fortaleceu principalmente depois da Campanha da Fraternidade de 2006, cujo tema central era a inclusão de pessoas com deficiência. “Antes a Igreja não dava muita relevância (às pessoas com deficiência). Hoje Ela está mais aberta”, comenta.