LEIGOS: Descobrindo a vocação na prática da fé…
Pe. Paulo Rogério Caovila. cs.
Animador Vocacional Scalabriniano.
Iniciemos nossa reflexão tendo a firme certeza de que na Igreja formamos uma “assembléia de vocacionados (as), Assembléia de chamados para uma determinada missão. isso porque todos os batizados são pessoas chamadas pelo Pai (Jo 6,44.65), escolhidas pelo Filho (Jo 15,16) e enviadas em missão pelo Espírito (At 13,1-3) como protagonistas do Reino de Deus.
O saudoso Papa João Paulo II, ajudou a nossa Igreja a ter, de fato, uma fisionomia vocacional; um povo convocado pela Trindade para prestar seu precioso serviço em favor da vida, de modo particular dos que são excluídos, marginalizados, oprimidos… no caso da nossa Congregação Missionária concretizamos nosso serviço com os migrantes, com os quais Cristo quis se identificar (cf. Mt 25,31-46).
A vitalidade da Igreja esta na convicção de que todos os batizados, sem exceção, são responsáveis pelo cultivo das vocações leigas, sacerdotais, religiosas, matrimoniais. Todos nós somos responsáveis pelo bom êxito de todas as diferentes vocações. Ninguém tem o direito de cruzar os braços e deixar que as iniciativas sejam sempre executadas pelos outros. Sempre podemos fazer algo.
Toda vocação realiza o ser humano quando for bem descoberta e alimentada através da valorização dos próprios talentos e na superação dos próprios limites. A vocação, na verdade, é um colocar em prática os dons recebidos e reconhecidos como Dom de Deus. Ela é fruto do reconhecimento da vida como bem recebido, que necessariamente deve tornar-se um bem doado aos demais.
Para o cristão, uma vocação se descobre somente na fé em Jesus, nosso mestre. Na verdade, ela é disponibilidade em fazer a sua vontade, segundo o projeto do Pai. É a fé que nos permite distinguir o “projeto de vida” da “vocação”, pois esta é Dom que o Espírito Santo faz a uma pessoa de fé, para o bem da Igreja e da humanidade.
A escolha vocacional poderá assim realizar-se somente dentro de um processo pessoal e maduro no caminho de fé. E isso se faz através de alguns instrumentos que a própria comunidade de fé nos oferece, como a participação ativa na comunidade, tendo como centro da vida a prática permanente dos sacramentos; a experiência da oração pessoal e da escuta da Palavra de Deus; a docilidade a um confronto e a um guia espiritual a fim de que a pessoa possa ser ajudado a ler com olhar de fé a própria existência, os sinais da obra de Deus, os traços do seu chamado.
Cada vocação é um chamado para uma missão, pois a vocação implica na doação, no serviço à comunidade. E a missão supõe a encarnação, isto é, somente na história, entre o gênero humano é possível sentir o “grito do Povo” (cf. Êxodo 37), as vozes da humanidade que pedem intervenção e testemunho.
Todos os batizados são evangelizadores. São chamados por Deus para testemunhar sua fé no seu ambiente específico: na família, gerando, educando na fé seus filhos, construindo a igreja doméstica; na comunidade, assumindo um ministério específico – animador, catequista, ministro da comunhão, acólito ou coroinha, mensageiro de Maria, animador litúrgico, dirigente de grupo de jovens, de reflexão, de vivência…; na sociedade, assumindo uma profissão e vivendo como cristão na escola, na empresa, no comércio, na economia, no mundo da política, e nas organizações sociais como associações, sindicatos, agremiações, grupos de voluntários… São muitas as maneiras de testemunhar a sua fé nas estruturas da sociedade.
É preciso que os leigos reflitam sobre sua identidade e sua missão na Igreja. Leigo é toda pessoa que pertence ao povo cristão. O leigo participa verdadeiramente do sacerdócio comum de todos os fiéis e, por isso, tanto o homem como a mulher, é apóstolo, é missionário, é protagonista. Pelo Batismo e pela Crisma, os leigos são consagrados para a Missão de construir o Reino: eles têm vez e voz na Igreja, são co-responsáveis na evangelização do mundo de hoje, devem atuar na política, nos meios de comunicação, no campo da educação, da cultura, do trabalho… como protagonistas do Reino.