Mãos e pés sujas de terra – Homenagem a D. Tomás Balduíno
Dom Tomás Balduíno – pastor, profeta, guerreiro;
“Moleque travesso” – chegaram a dizer alguns,
Porque capaz de arriscar, de ousar, de sonhar;
De manter o olhar no horizonte sem fronteiras.
Sem medo de sujar as mãos e os pés na terra,
Na história da luta pela Reforma Agrária:
Terra por Deus prometida e esperada,
Terra pelos governos anunciada e negada,
Terra pelos trabalhadores duramente conquistada.
Dom tomás Balduíno – um pastor sempre jovem
No confronto com os anos sombrios na ditadura,
No anúncio da libertação aos oprimidos de todos os tempos e lugares,
Na construção do processo democrático, mesmo aos 90 anos!
Dom Tomás Balduino – um profeta destemido,
Diante das botas, fardas e armas militares,
Diante do latifúndio, com seus defensores e capangas,
Nas busca da verdade e da justiça, mesmo aos 90 anos!
Dom Tomás Balduino – um guerreiro que jamais foge à luta,
Juntamente com todos os deserdados da terra,
Em parceria com os lutadores e lutadoras do povo,
No anúncio do Reino do Pai, mesmo aos 90 anos!
Dom Tomás Balduíno – pastor, profeta, guerreiro;
Mas também pássaro aviador no céu cor de anil,
Sentindo no corpo e na alma os ventos da mudança,
Os sinais dos tempos de uma história que não se fecha,
Mas permanece aberta ao protagonismo dos pobres.
Dom Tomás Balduino – porta-voz de Deus e dos excluídos,
Solidário com os exilados, os necessitados, os últimos;
Sensível à flor e à espinga que se levantam do chão,
Como o grito e a luta dos desterrados e abandonados,
Para proclamar que a primavera já começou
E que é possível aos 90 anos sentir seu perfume!
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
Roma, Itália, 11 de novembro de 2013