O verbo se fez carne
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
O Verbo se fez carne
e seus pés se puseram em marcha,
pelos caminhos da Galileia, da Judeia…
profeta itinerante dos pobres e excluídos,
ao encontro dos errantes de todos os tempos.
O Verbo se fez carne
e suas mãos de dedos mágicos
converteram em linguagem o toque,
tocando e se deixando ser tocado para curar
pecados, feridas, chagas, ódios e desejo de vingança.
O Verbo se fez carne
e sua boca alternou silêncio, sorriso e palavra,
anunciando a Boa Nova do Reino de Deus,
nova relação entre pessoas, seres vivos e coisas,
com a sabedoria de quem tinha autoridade.
O Verbo se fez carne
e seus ouvidos se abriram aos sem vez e sem voz,
aos silenciosos e silenciados pela opressão,
marginalizados pelo sistema político e religioso,
detendo sua caravana diante do surdo, do mudo, do abandonado…
O Verbo se fez carne
e seus olhos brilharam de amor, paz e misericórdia
penetrando no mais íntimo de cada pessoa,
oferecendo nova luz ao cego e ao coração de pedra,
fazendo de cada encontro uma aurora para o amanhã.
O Verbo se fez carne
e seu coração se encheu de compaixão
frente aos órfãos, solitários, perdidos e infelizes;
o pranto estremeceu-lhe as entranhas
e as portas de sua casa se abriram a toda criatura.
O Verbo se fez carne
e seu espírito, fecundado pela intimidade com o Pai,
revelou o rosto divino-humano de Deus
devolvendo-nos a condição humano-divina de filhos e filhas,
não mais escravos, mas herdeiros da Pátria Eterna.
São Paulo, 26 de dezembro de 2012
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS