D. Odilo Pedro Scherer

No dia 23 de outubro, comemora-se o 10oº aniversário da reabertura da nossa Rádio 9 de Julho. O Decreto do governo Médici, que fechou a Rádio, no dia 30 de setembro de 1973, pegou de surpresa a Arquidiocese, suscitando indignação e amargura, pois não havia razões técnicas, fiscais ou administrativas para lacrar os transmissores. O motivo foi a restrição às liberdades individuais e o cerceamento da liberdade de expressão: A Rádio 9 de Julho tinha um alto potencial de influência e suas ondas alcançavam não somente todo o Brasil, mas também o exterior.

A reabertura e a liberdade para transmitir novamente aconteceu, depois de muitas gestões, em 23 de outubro de 1999. Bem antes, porém, já em 13 de junho de 1985, a pedido do cardeal D. Paulo E. Arns, o então presidente do Centro Santo Dias, Dr. Hélio Bicudo, protocolou um processo no Ministério das Comunicações, pleiteando a devolução da emissora à Arquidiocese. No dia 9 de julho de 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso anulou o decreto de 1973. Mas a reinauguração e o efetivo funcionamento aconteceu só em outubro de 1999. Era uma decisão devida e muito desejada pela Arquidiocese de São Paulo, para restabelecer a justiça e a ordem democrática.

Naquele dia, com a presença de Dom Paulo e de muitas autoridades públicas, o cardeal Dom Cláudio Hummes agradeceu aos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, ao governador Franco Montoro e ao deputado federal Hélio Bicudo, bem como aos organismos da sociedade e da Igreja que apoiaram e tornaram viável a reabertura da Rádio. Na ocasião, ela foi confiada às mãos de Nossa Senhora e ao patrocínio de São José, bem como à intercessão do então beato Frei Galvão.

A Arquidiocese, através das ondas da Rádio 9 de Julho, faz ouvir a sua voz “nesta cidade imensa”, e também além dela. Este aniversário nos faz recordar o fato do fechamento e da reabertura da Rádio, para não esquecer as lições da história; mas também é uma ocasião para manifestar a gratidão a todos os responsáveis pela sua direção, bem como aos comunicadores, que dão vida à sua programação e fazem desse meio de comunicação o púlpito diário para anunciar a Boa Nova do Evangelho à cidade.

E ainda: é uma boa ocasião para agradecer a todos os ouvintes, que prestigiam a programação da nossa Rádio e que aprenderam a identificar nela, entre as muitas vozes que se fazem ouvir em São Paulo, a voz da Igreja Católica. Sua audiência é muito importante, pois serve de estímulo para os comunicadores e para o aprimoramento constante da programação. Agradecimento especial quero manifestar também a todos os apoiadores da Rádio e à família dos seus benfeitores, que ajudam a mantê-la no ar. Esta é, também, uma forma de participar da missão da Igreja. Deus abençoe e recompense a todos!

De fato, é sintomático que a reabertura da Rádio tenha ocorrido no mês de outubro, mês das missões. A Rádio da Arquidiocese tem um papel missionário fundamental. Na era da Comunicação e da Mídia, ela é um instrumento fundamental de anúncio das Boas Notícias de Jesus e da Igreja para o povo; pelas suas ondas, a palavra do Evangelho e a voz da Igreja chegam lá onde, muitas vezes, os pés dos missionários não conseguem chegar; ela é companhia para doentes nos leitos de dor, para mães e educadoras dos filhos em seus lares, para trabalhadores a caminho da empresa e do escritório. É também fator de identidade para o povo católico, que pode ouvir por meio dela, com freqüência, também a voz do seu pastor e conhecer a palavra e as orientações da Igreja sobre os fatos que marcam a cidade e o mundo.

No dia 31 de outubro, sábado, às 15h, faremos a memória desses fatos, na Catedral da Sé. E elevaremos a Deus a grande ação de graças da Eucaristia, de modo especial pelos benfeitores. Todos estão convidados. Enquanto isso, Nossa Senhora e São José, acompanhados por São Paulo apóstolo e Frei Galvão, agora santo, continuarão a velar sobre nossa rádio. Assim seja!