Religião e política partidária

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald*
A Igreja Católica como instituição não tem candidatos nem partidos nesta eleição de 2012. A missão da Igreja Católica como instituição no campo político é ajudar e fortalecer critérios éticos para as escolhas e a ação política: a justiça, a solidariedade, a dignidade humana, o respeito à pessoa, a defesa e a inclusão dos membros mais frágeis e desprotegidos da sociedade. A Igreja Católica tem como tarefa iluminar as consciências dos cidadãos, despertando as forças espirituais e promovendo os valores sociais, através da pregação e do testemunho.
O papel da Igreja é a formação da consciência ética e o estímulo para que os cristãos leigos e leigas participem ativamente na política como cidadãos brasileiros. A Igreja não concorda com a militância político-partidária de membros do clero diocesano e de institutos religiosos. (Puebla No.524 e Doc. CNBB No. 22). A militância político-
Padres e pastores, em minha opinião, devem lembrar aos seus fiéis que votar conscientemente é um dever de todos, mesmo dos que se acham desencantados com a atuação dos políticos. Deve-se votar somente naqueles candidatos comprometidos com o bem comum, que não prometam o que não poderão cumprir que não busquem a popularidade fácil, que demonstram capacidade e competência para o cargo pleiteado. Padres e pastores devem orientar seus fiéis a não votar em candidatos reconhecidamente corruptos, cuja campanha se reduz a criticar e a atacar ou outros candidatos, que assumam posições contra a moral cristã no campo do direito à vida, da justiça social, da liberdade da pessoa e da honestidade e transparência no trato do dinheiro público.
É importante que padres e pastores orientem seus fiéis a procurar conhecer a história dos candidatos, suas ligações políticas e seus compromissos com grupos e interesses, não votando em candidatos que oferecem vantagens ou favores pessoais em troco do voto. Voto não tem preço, mas tem graves conseqüências. A Lei 9.840, de 28 de setembro de 1999 é contra a corrupção, o fisiologismo e o clientelismo, contra o mercado do voto infelizmente tão ativo ainda no Brasil. Padres e pastores têm um papel importante nas eleições de 2partidária dos padres conflita com a sua missão própria de configuração ao Cristo-Pastor (cf. Carta aos Presbíteros, n.41, Doc. CNBB n.75). O Direito Canônico é taxativo: “Os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que implicam participação no poder civil” (Cân 287, inciso 2º.) No governo civil há divisões, antagonismos, conflitos, inimizades, confrontos, desrespeito etc. Enquanto na Igreja do Senhor a comunhão e a unidade são fundamentais.
Portanto, já é tempo de membros de igrejas protestarem contra a política de partidos que entram em várias igrejas fazendo delas comitês eleitorais. É razão de escândalo quando um padre ou pastor instrumentaliza o seu ministério para candidatar-se ou em favor de um candidato de um partido específico. O padre ou pastor como cidadão pode fazer campanha e deve participar das eleições; o que não pode e não deve fazer é tirar proveito de seus fiéis nas igrejas para se eleger ou eleger seu candidato. É intolerável ver um padre ou pastor “obrigando” seus fiéis a votar nele ou em candidato indicado por ele. A liberdade de consciência dos fiéis tem que ser respeitada sempre nesta área.
É Missionário Redentorista e assessor da CNBB, NE1