Sinônimos do Natal

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Ao longo dos séculos, o Natal adquiriu os mais diversos sinônimos. Hoje, em especial nos países do ocidente, a data representa significados diferentes, plurais, variados e até contraditórios. Primeiramente, há o Natal Familiar. Tem cara de laços íntimos, particulares, restritos ao âmbito do parentesco. Nesta perspectiva, os festejos natalinos constituem um tempo privilegiado para costurar relações rompidas, refazer as amizades. A ceia pode ser um momento particularmente rico em arrependimentos, abraços, alegria e comemoração festiva. É claramente sinônimo de reconciliação, reencontro, renovação e recomeço…

Depois há o Natal do Papai Noel. Com o passar do tempo, converteu-se no Natal do Mercado. O comércio e o consumo entram em fase de ebulição. O trinômio “produção, comercialização e compra” impõe-se com uma força de águas represadas. As ruas, praças e corredores dos shoppings centers ganham um frenesi sem precedentes. Torrentes de clientes por aí circulam sem parar. Nas vésperas da festa, as pessoas experimentam uma atmosfera de pressa, correria, uma verdadeira obsessão por adquirir novidades. Senão, onde colocar o décimo terceiro salário! Contribuem para isso o peso de marketing, da propaganda e da publicidade. A insistência e estridência de seus apelos ultrapassam os tons e sons mais inesperados. Tanto entre as crianças quanto entre os adultos, respira-se um ar de que é preciso “abrir mão”. O tempo é de gastar,comprar, divertir-se, festejar. Tudo, claro, abençoado pelo bom e simpático velhinho de barbas brancas e longas…

Mas há também o Natal do Menino Jesus. Embora um tanto quanto esquecido e envergonhado, em meio a essa profusão de cores e luzes, imagens e sons, mercadorias e preços baratos, brinquedos e cartões de crédito, o Menino segue sendo o protagonista central da festa. Verdade que anda meio relegado a um segundo plano, quando não inteiramente desaparecido. Não poucas crianças talvez se espantem com a figura do Menino, Maria e José. Alguns poderão nos surpreender com a pergunta “quem são esses”? Aliás, não deixaria de ser uma pergunta original. Também no tempo do nascimento de Jesus, sua mãe “o envolveu com faixas e o reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles”, nos diz o evangelista (Lc 2,7)…

Há, ainda, o Natal do Presépio. Encontra-se por toda parte: lares, ruas, praças, Igrejas, exposições. Segundo a tradição, remonta ao século XIII, sendo Francisco de Assis o primeiro a representar a Família de Nazaré na gruta de Belém. Daí sua proximidade com os relatos evangélicos. Costuma ser uma imagem muito viva em nossa memória: animais, pastores, anjos, estrela, reis magos. Sua recordação, em geral, traz repercussões da mais tenra infância. Mistério e magia aí se mesclam para nos transportar a uma série de lembranças inconscientes, mas carregadas de doçura e encanto. Essa imagem nebulosa, não raro, vem acompanhada pela alegria dos presentes natalinos tão ansiosamente esperados nos sapatos colocados com antecedência na lareira. Ultimamente, porém, o presépio vem ganhando novos ingredientes, alheios ao contexto evangélico, tais como neve, bolas, cartões postais, imagens de Papai Noel…