Um autêntico filho de Inácio de Loyola

“Alguns deixam marcas por abrirem caminhos novos, com suas perguntas, com suas chamadas e propostas. Um deles foi o cardeal Martini”


Padre Eugenio Pacelli, SJ*

Uma das grandes riquezas da Igreja Católica é o pluralismo de pessoas que há em seu seio. Não é uma instituição monolítica na qual todo mundo pensa igual, ama ou vive do mesmo modo. Na realidade, desde os primeiros tempos, houve na Igreja, homens e mulheres com diferentes sensibilidades, com distintas formas de entender o evangelho, que juntos buscavam a verdade revelada por Jesus. E assim tem sido ao longo de 20 séculos. Buscas, perguntas, transformações, em um diálogo de múltiplos interlocutores que sempre tem em mente o Evangelho, a história (tradição), e as transformações sociais ali onde os tocam viver.
Entre essas pessoas, alguns deixam marcas por abrirem caminhos novos, com suas perguntas, com suas chamadas e propostas. Um deles foi o cardeal Martini. Com sua partida para a casa do Pai, damos adeus a um grande homem da Igreja. Uma figura que nos últimos 30 anos tem sido voz relevante e significativa. Um homem que não teve medo de abordar assuntos delicados, com olhar amplo e profundo.
Atualizando, como poucos, a máxima evangélica que antepõe o ser humano à lei e convidando a se questionar, sem medo, as próprias práticas quando se convertem em estruturas rígidas.
Um profeta, um apóstolo, um pastor na diocese de Milão. Um homem bom e fiel. Um sábio, capaz de traduzir a Sagrada Escritura com uma simplicidade e profundidade que só os que de verdade a conhecem podem oferecer.
Descansa em paz, servo bom e fiel! Cumpriste tua missão e deixaste para nós um bom exemplo de amor à Igreja e de como entregar-se, dia a dia, até o fim.

*É pároco da Igreja de Cristo Rei e diretor do Colégio Santo Inácio
Artigo publicado no Jornal O Povo deste domingo, 14/09/2012