Uma cultura de paz
Dom Sinésio Bohn
Se você é condenado injustamente, você pode reagir de muitas maneiras. Jesus ficou em silêncio, quando falsas testemunhas o acusaram diante de Pilatos. Vale a pena fazer o mesmo? É claro, como oferta a Deus, qual incenso que sobe aos céus. E dizer: “Por ti, Senhor”!
Uma das afirmações dos jovens da América Latina, refletidas diante da cruz, foi esta: “Na cruz Jesus Cristo rompeu o ciclo da violência”. Pela oferta da vida, o Salvador nos trouxe paz.
É o que Paulo diz na carta aos Efésios: “Ele é a nossa paz; ele, de dois povos, fez um só, derrubando com seu corpo o muro da divisão e da hostilidade. Criando assim, em sua pessoa, de duas uma só e nova humanidade, fazendo as pazes” (Ef 2, 14-15).
No sermão da montanha, Jesus chamou de bem-aventurados os que procuram a paz. São os pacificadores pelo Evangelho vivido e testemunhado. Que fazem da própria vida uma oferta de paz.
Um coração de paz não se constrói com pensamento de vingança, muito menos de ódio. A paz do coração tem um preço alto: o perdão. O próprio Jesus, antes de expirar, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Assim fez também Estevão ao ser apedrejado: “Senhor, não lhe leves em conta esse pecado” (At. 7, 60).
A convivência na sociedade moderna pluralista, cheia de divisões, egoísmo e radicalismo é complicada. Por isso exige uma virtude chamada misericórdia com uma pitada de tolerância. Aliás, Jesus não se esqueceu de recomendá-las: “Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7).
O papa João Paulo II, alvejado pelos tiros certeiros de Ali Agka, na Praça São Pedro, quando deixou o hospital, sua primeira visita foi à prisão, para levar o perdão a seu potencial assassino.
A campanha da Fraternidade 2009 se preocupa justamente com a segurança pública. É assunto complexo, difícil. Se nós brasileiros cuidarmos do coração e da mente, cultivando atitudes de amor e pensamentos de paz, podemos irradiar uma cultura de paz.