Muitas vezes durante o seu pontificado João Paulo II
se manifestou a respeito da vida consagrada. Falou às mais diversas Ordens, Congregações, Institutos, sobretudo, por ocasião dos Capítulos Gerais. Em todas essas oportunidades a preocupação do Papa tem sido com a fidelidade dos consagrados ao próprio carisma, à própria espiritualidade e à própria missão, tendo sempre em vista a evangelização do mundo de hoje. O mundo necessita do consagrado. É um dos preciosos elementos que leveda a massa toda.
Um resumo das palavras do Papa temos no documento pós-sinodal de 25 de março de 1995 “Vita Consecrata”. Trata-se de uma vida profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Nosso Senhor. Ela é um dom de Deus Pai à sua Igreja por meio do Espírito Santo. A profissão dos conselhos evangélicos, característica da vida consagrada, faz com que os traços de Jesus pobre, virgem, obediente, adquiram especial visibilidade no meio do mundo. A vivência dos conselhos evangélicos atrai o olhar dos fiéis para o mistério do Reino de Deus atuante na história com a sua plena realização no fim dos tempos.
É um caminho de especial seguimento de Cristo. É um deixar tudo para estar com Cristo e colocar-se com Ele ao serviço de Deus e dos irmãos.
A vida consagrada diz respeito a toda a Igreja; não é uma realidade isolada e marginal. Está colocada no próprio coração da Igreja. É elemento decisivo para a sua missão, já que exprime a íntima natureza da vocação cristã e a tensão da Igreja-Esposa para a união com o único Esposo. A vida consagrada faz parte da vida, santidade e missão da Igreja.
Quando em 1994, ano do Sínodo sobre a vida consagrada e a sua missão na Igreja e no Mundo, os jornalistas perguntaram se, no final do milênio, não havia assunto mais importante do que este, respondeu-se-lhes que este era um assunto importantíssimo para o mundo de hoje porque o que mais faltava ao mundo era um suplemento de alma, uma espiritualidade, uma mística. Ora, com a vida consagrada deseja-se ajudar o mundo neste suplemento de alma, nesta espiritualidade, nesta mística. A profissão dos conselhos evangélicos coloca os consagrados como sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e irmãs e para o mundo.
O aprofundamento da vida consagrada deve acontecer em uma tríplice dimensão: a da consagração, da comunhão e da missão.
A vida consagrada é, por isso, ícone da Transfiguração de Jesus no monte Tabor. É configuração a Cristo, é cristiformidade, prolongamento na história de uma presença especial do Senhor ressuscitado.
As pessoas consagradas serão missionárias aprofundando continuamente a consciência de terem sido chamadas e escolhidas por Deus, para quem devem orientar toda a sua vida e oferecer tudo o que são e possuem, libertando-se dos obstáculos que poderiam retardar a resposta total do amor. Também o seu estilo de vida deve deixar transparecer o ideal que professam, sendo sinal vivo do Deus vivo e pregação persuasiva, mesmo que muitas vezes silenciosa, do Evangelho.
A vida consagrada faz parte intrínseca do Evangelho Ela brota do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. É vivência a mais plena possível do Evangelho. Ela faz parte da estrutura carismática da Igreja, faz parte da vida e santidade da Igreja (Lumen Gentium, 44), santidade que é uma das notas essenciais da Igreja: Una Santa Católica Apostólica. Sem a vida consagrada a Igreja deixaria de ser Igreja, ver-se-ia privada de uma das notas essenciais do seu próprio ser íntimo. A Igreja produz santidade (a plenitude dos meios de salvação é confiada à Igreja) e ordena-se à santidade.
Não hesitemos! Trabalhando pela difusão da vida consagrada estamos trabalhando para uma nova primavera eclesial!